As restrições comerciais impostas pelos Estados Unidos à Huawei podem ter prejudicado uma companhia que não tem nenhuma relação com esse imbróglio: a Samsung. Tudo porque, com a queda das vendas de smartphones Huawei, o fornecimento de chips de memória DRAM e NAND por parte da empresa sul-coreana também teria caído.
É o que estimam analistas de mercado ouvidos pela Reuters. Eles acreditam que, nesta sexta-feira (5), a Samsung divulgará um balanço financeiro referente ao segundo trimestre que apontará redução de mais 50% no lucro com a causa principal sendo justamente a queda na demanda por chips de memória.
A divisão de semicondutores da Samsung já não vinha apresentando números animadores. No primeiro trimestre de 2019, a empresa registrou queda de 60% nos lucros devido, em parte, ao desempenho reduzido das vendas de chips.
Com as sanções que os Estados Unidos aplicaram à Huawei, a situação aparentemente piorou. É uma conta fácil de entender: impedida de negociar componentes e softwares com empresas americanas, a Huawei reduziu a fabricação de eletrônicos, especialmente smartphones, o que teria resultado em menos encomendas de chips à Samsung.
Como a Huawei está entre as maiores fabricantes de celulares do mundo, a Samsung simplesmente não teria conseguido encontrar outros compradores para preencher essa enorme lacuna. Com chips sobrando, a saída é reduzir preços para não haver acúmulo nos estoques. O problema é que essa manobra também reduz a margem de lucro.
A TrendForce, empresa especializada em análises de mercado, estima que os preços de memórias DRAM caíram 25% apenas no segundo trimestre. Além do problema da Huawei, o mercado passa por uma queda sazonal na demanda por chips, o que também contribuiu para o agravamento da situação.
Após a divulgação dos resultados do primeiro trimestre, a Samsung sinalizou que o mercado de chips só deverá se reaquecer no segundo semestre. Mas, com as recentes reduções de preço, essa recuperação exigirá um prazo maior, provavelmente.
Talvez a Samsung tenha tido alguma compensação no segmento de smartphones: além de ser a maior fabricante de celulares do mundo, a companhia pode ter absorvido parte da demanda não atendida pela Huawei.
Não que esse seja um grande alívio: a Samsung também é líder em vendas de chips DRAM e NAND, portanto, não vai ter sossego enquanto esse mercado não se recuperar.
Nas estimativas de analistas, a companhia sul-coreana irá registrar queda de aproximadamente 60% no lucro operacional do segundo semestre na comparação com o mesmo período do ano anterior.
Estados Unidos e China estão travando uma guerra comercial e essa treta começa a respingar no mundo da tecnologia. A consequência dessa briga não é apenas o encarecimento de produtos tecnológicos, e as motivações vão muito além da “proteção dos postos de trabalho americanos”, como diz Donald Trump. A disputa também é pelo controle das redes 5G, que serão a via de tráfego dos dispositivos de Internet das Coisas.
Então, quem ficará no controle dos dados de todo o planeta: China ou Estados Unidos? Dá o play e vem com a gente!
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