A Oi apresentou nesta terça-feira (16) seu Plano de Estratégia, que define o rumo da empresa pelos próximos três anos. A operadora, que sobrevive a um processo de recuperação judicial, tem como principal foco a expansão dos serviços oferecidos através de fibra óptica.
Aos trancos e barrancos, a operadora tenta crescer e superar a crise da recuperação judicial. No balanço do primeiro trimestre, a Oi apresentou queda na receita, significativa retração de assinantes de serviços fixos e um discreto crescimento na telefonia móvel pós-paga.
O plano estratégico deixa clara a preferência no investimento em fibra. A operadora planeja terminar o ano de 2019 com 4,6 milhões de domicílios home passed, ou seja, casas com cobertura. Para fechar o triênio 2019-2021, a Oi projeta 16 milhões de domicílios cobertos.
Os números são bem distantes do que a Oi possui hoje. No primeiro trimestre de 2019, havia 1,7 milhão de home passed, com crescimento na média de 200 mil domicílios por mês. Para crescer no nível anunciado, é necessário investir muito. Segundo a empresa, o dinheiro viria principalmente da venda de ativos.
O investimento em fibra é justificado pelo maior retorno com a tecnologia FTTH, com payback inferior a quatro anos e custo de manutenção até 50% menor que na rede de cobre. Nas cidades com lançamento da rede, a operadora registrou adesão média de 8% à fibra. E, com apenas 145 mil clientes no primeiro trimestre, a fibra foi responsável por 21% das receitas de banda larga da empresa, que somaram 4,7 milhões de acessos.
Ainda em 2019 a Oi pretende vender torres, bem como sua participação na operadora angolana Unitel. De 2020 a 2021, a empresa deve se desfazer de datacenters, ativos não estratégicos e imóveis. O valor estimado para entrada de caixa está entre R$ 6,5 e 7,5 bilhões.
Para o próximo triênio, a empresa não deve investir muito na sua rede móvel. O objetivo é maximizar a captura de valor aproveitando a capacidade existente, com um refarming racional para usar o 4G na frequência de 1,8 GHz e assim expandir sua base pós-paga.
Em termos de infraestrutura móvel, o plano apenas menciona que operadora quer ser a viabilizadora do 5G, e para isso é necessário expandir a rede de fibra óptica, que já é o investimento principal da companhia para os próximos anos.
O mercado já discute o futuro da Oi pós-recuperação judicial, especulando se a empresa se concentrará em apenas um tipo de negócio (fixo ou móvel).
A operadora vem dando sinais de que quer se desfazer da Oi Móvel: além da redução no investimento em redes de celular, a Oi foi a única empresa que não deu nenhum palpite negativo na avaliação da compra da Nextel pela Claro, defendendo que a consolidação “representa os movimentos naturais do mercado”. Seria incoerente se a operadora mantivesse posição diferente e pensasse na venda do seu negócio móvel.
Para conseguir sobreviver com o negócio móvel, a Oi precisaria fazer muitos investimentos: sua rede está muito defasada em comparação com a concorrência, sobretudo em cobertura 3G e 4G. O leilão de 5G acontecerá no início do próximo ano, e investir em frequências pode atrapalhar a expansão da fibra.
É válido lembrar que, mesmo com desconexões e maturação do serviço, o negócio fixo continua sendo a principal fonte de receitas para a operadora. Para colocar em contraste, das grandes operadoras, a Oi Móvel é justamente a que tem o menor número de clientes, com pouco mais de 16% de fatia de mercado.
Por fim, é necessário considerar que o negócio fixo da Oi é muito importante, tanto para a operadora como para as concorrentes. O backhaul de fibra da Oi chega a 2.270 cidades, quase o dobro da segunda maior concorrente. A empresa compreende que a expansão da fibra é essencial para fazer o 5G acontecer no Brasil, e uma boa fonte de receitas receita poderá existir com fornecimento de infraestrutura para outras operadoras móveis.
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