O governo de Jair Bolsonaro ainda estuda se o Brasil vai aplicar alguma sanção à Huawei, seguindo as restrições colocadas por Donald Trump desde maio. O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse que “eventuais problemas” serão avaliados na tecnologia da empresa, acusada de ajudar na espionagem do governo chinês. O vice-presidente Hamilton Mourão declarou anteriormente que ela não seria banida do país.
“Queremos entender melhor quais são os eventuais problemas, diante de uma perspectiva técnica, que podem ser identificados na tecnologia da Huawei”, explica Araújo em entrevista à Veja. “É um trabalho que precisa ser feito, porque nós sabemos que existem preocupações americanas; queremos entender melhor quais são elas.”
O ministro das Relações Exteriores precisa estabelecer um meio-termo entre agradar ao governo Trump e não desagradar aos chineses. “Vemos a China como um parceiro econômico de primeira grandeza, que de maneira nenhuma nos cerceia na capacidade de defender nossos valores”, diz Araújo à Veja.
22% das exportações brasileiras foram para a China em 2017, e 11% foram para os EUA. Além disso, 19% de nossas importações vieram dos chineses (contra 15% dos americanos).
Qualquer medida contra a Huawei deve preocupar as operadoras. Segundo a Anatel, cerca de 70 mil antenas de rádio em operação no Brasil foram fabricadas pela Huawei, de um total de 86 mil — cerca de 80%. A empresa já testa a tecnologia 5G em Florianópolis com apoio da TIM.
No início do mês, o vice-presidente Mourão declarou em entrevista ao Valor que o governo não tem nenhuma intenção de banir a Huawei do Brasil, e que “seria uma leviandade” afirmar que ela ajuda na espionagem chinesa. Ele disse ainda que não tem receio da empresa, e que os serviços dela são necessários porque “somos um país muito pouco integrado digitalmente”.
Araújo diz que não está contradizendo as declarações dadas por Mourão. Ele explica que o Itamaraty precisa “ver como isso reflete nos cenários geopolíticos e geoestratégicos e avaliar tecnicamente a qualidade relativa ou a vulnerabilidade relativa de uma tecnologia A, B ou C”. No entanto, o ministro ressalta: “é óbvio que a decisão final é sempre do presidente”.
Segundo Mourão, Trump alertou o presidente Bolsonaro sobre a Huawei durante a viagem para Washington em março, bem antes do bloqueio comercial. O general então conversou com o presidente da Huawei na China e recomendou criar um ambiente de confiança na empresa, para que não exista a preocupação de que “todos os dados que estarão no seu poder pertencerão também ao governo chinês”.
Com informações: Veja.
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