A Apple decidiu se envolver mais na guerra comercial entre os Estados Unidos e a China. O governo Trump planeja aumentar as tarifas de importação em 25% para um novo grupo de bens da China, o que afetaria os iPhones, iPads, Macs e outros produtos da empresa de Tim Cook. Para a Apple, a ação do governo poderia reduzir as contribuições à economia e diminuir a competitividade da companhia.
Uma carta enviada na segunda-feira (17) pela Apple para o representante comercial dos Estados Unidos, Robert Lighthizer, pede que o governo Trump não avance com a decisão de elevar as tarifas de importação. No documento, a empresa lista os produtos que seriam afetados com o aumento dos impostos:
Ou seja, a maioria do faturamento da Apple seria impactada com a decisão. No primeiro trimestre de 2019, a empresa atingiu receita recorde com serviços, uma área correspondente à App Store, Apple Music, Apple Pay e iCloud, mas é muito dependente de produtos físicos: mais de 53% do dinheiro vem de iPhones, enquanto 18% são de Macs e iPads.
Diz a Apple (tradução nossa):
A Apple é uma orgulhosa empresa americana e uma das maiores criadoras de empregos dos Estados Unidos. Somos responsáveis por mais de 2 milhões de empregos em todos os 50 estados, incluindo os funcionários diretos da Apple, funcionários dos nossos parceiros de manufatura e varejo, e americanos que ganham a vida na vibrante e crescente economia dos aplicativos.
Em 2018, após a aprovação da reforma tributária nos Estados Unidos, anunciamos nossa intenção de fazer uma contribuição total direta para a economia americana de mais de US$ 350 bilhões em cinco anos e temos o prazer de informar que estamos no caminho para atingir essa contribuição. Estamos abrindo vários novos locais de trabalho e adicionando novos empregos à nossa base de funcionários nos Estados Unidos.
A Apple também é a maior contribuinte empresarial americana para o Tesouro dos Estados Unidos e paga bilhões a cada ano em impostos sobre propriedade, vendas e funcionários.
Segundo a Apple, um aumento nas tarifas poderia reduzir a arrecadação de impostos e não resolveria o problema. “As tarifas dos Estados Unidos também pesariam sobre a competitividade global da Apple. Os produtores chineses com os quais competimos no mercado global não têm presença significativa no mercado norte-americano e, portanto, não seriam afetados (…) Uma tarifa dos Estados Unidos, portanto, inclinaria o campo de jogo a favor dos nossos concorrentes globais”, diz a Apple.
Uma sobretaxa nos produtos importados da China não garantiria a criação de empregos nos Estados Unidos. Prova disso é uma informação publicada na quarta-feira (19) pela Nikkei Asian Review: a Apple teria perguntado aos seus principais fornecedores qual seria o custo de migrar entre 15% e 30% da capacidade de produção, atualmente em território chinês, para… o sudeste asiático.
Entre os fornecedores questionados estariam a Foxconn, Pegatron e Wistron, que montam os iPhones; e a Quanta Computer, responsável pelos MacBooks; a Compal Electronics, que produz iPads. Os países favoritos para receberem a produção seriam a Índia e o Vietnã, mas as empresas também estariam considerando o México, a Indonésia e a Malásia.
Talvez seja complicado fazer essa migração, já que a China investiu fortemente nos últimos anos em infraestrutura para comportar as fábricas — o governo ampliou as estradas, construiu dormitórios para os trabalhadores e simplificou as regras de importação e exportação de bens. Além disso, após a escolha do local, o início da produção poderia demorar ao menos 18 meses.
Segundo um analista do banco J.P. Morgan, ouvido pela CNBC, o preço de um iPhone XS subiria aproximadamente 14% para compensar a sobretaxa de 25% dos Estados Unidos sem afetar as margens de toda a cadeia de produção. Isso faria o preço de varejo do celular subir dos atuais US$ 999 para US$ 1.142. No Brasil, o aparelho custa R$ 7.299.
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