O novo iPad Mini nem parece novo na primeira olhada: ele continua sendo um tablet de 7,9 polegadas, com bordas grandes em volta do painel e o clássico design em alumínio. Mas a Apple trouxe melhorias importantes no modelo de 2019: além do suporte ao Apple Pencil, a nova geração tem um processador bem mais poderoso por dentro, o A12 Bionic, mesmo chip que equipa o iPhone XS.
O que não mudou tanto foi o custo: quem quiser o tablet compacto da Apple precisa desembolsar R$ 3.499 pela versão básica, sendo que a mais completa, com 4G e 256 GB de armazenamento, tem um preço quase pornográfico de R$ 5.799. Vale a pena gastar tudo isso? Eu testei o novo iPad Mini em sua versão mais cara e conto tudo neste breve review.
As telas dos iPads mais recentes têm apresentado ótima qualidade — e não é diferente com o novo iPad Mini. O painel é o menor entre os iPads, mas o padrão foi mantido: a resolução de 2048×1536 pixels torna a definição excelente; o brilho é forte, o que permite visualizar o display em qualquer condição de iluminação; e o contraste é bom, dentro das limitações do nível de preto da tecnologia LCD.
A Apple também fez um bom trabalho ao reduzir os reflexos do visor. Não chega a ser impecável quanto um Kindle com tela e-ink, mas é melhor que a maioria dos celulares do mercado, o que torna as leituras mais agradáveis, mesmo com uma lâmpada ou outra fonte de luz por perto. E, embora a taxa de atualização não seja de 120 Hz como no iPad Pro, o display sempre se mostra muito responsivo, graças à fluidez do iOS.
Falando nele, é difícil discordar da ideia de que o iOS ainda é o maior diferencial positivo do iPad. Por mais que a situação seja equilibrada nos celulares, os aplicativos seguem chegando primeiro ao iPad em detrimento dos tablets Android. Para rabiscar e desenhar, tem o Paper. Nos textos, gosto bastante do Ulysses. Edição de imagem? Pixelmator Pro. Vídeo? LumaFusion. Tudo isso só funciona no iPad (e a lista segue).
O iOS contribui diretamente para outros dois pontos: desempenho e bateria. No dia a dia, o iPad Mini não engasga: tudo abre rapidamente e as animações rodam suaves como manteiga. E o gerenciamento de aplicativos em segundo plano, que sempre foi mais agressivo no iOS, influencia na bateria: o consumo durante uma noite ociosa não passa de 5%, o que me permite recarregar o iPad só a cada três ou quatro dias.
Em testes mais pesados, fica claro que o A12 Bionic consegue fornecer desempenho de sobra no iPad. Jogos como Asphalt 9 e Breakneck rodam com ótima qualidade gráfica e taxa de frames constante. Na bateria, eu consegui reproduzir vídeos de forma contínua no YouTube, com brilho no médio, por 10h36min — ou seja, dentro da promessa de 10 horas de navegação da Apple.
Não é que a construção do iPad Mini seja ruim — nada parece barato, mal encaixado ou de baixa qualidade. Só que o visual já deu o que tinha que dar. A Apple poderia ter repetido o que fez com o iPad Air, por exemplo, que foi lançado junto com o novo iPad Mini: ele ganhou uma tela maior, mantendo as mesmas dimensões da carcaça. Para que serve uma testa e um queixo tão grande em volta da tela? E esse conector Lightning, que limita a velocidade de carregamento e transferência de dados?
O Apple Pencil, uma novidade deste iPad Mini, poderia ser melhor aproveitado se houvesse mais espaço para trabalhar, então é claro que um aumento nas 7,9 polegadas de tela seria potencialmente benéfico. E ainda não me desce o fato de que a Apple cobra R$ 749 pelo acessório no Brasil — mesmo os US$ 99 praticados nos Estados Unidos já representam um peso bem grande no orçamento.
Por fim, não tem como deixar de citar o preço do tablet como um ponto de discórdia. O valor inicial de R$ 3.499, por si só, já é muito alto, mas fica ainda menos apetitoso quando colocamos na jogada o iPad de 9,7 polegadas, lançado em 2018, que parte de R$ 2.799. Ele tem uma câmera frontal pior e um hardware mais antigo, mas dá mais espaço para jogar, assistir a vídeos ou desenhar — aliás, o mesmo Apple Pencil do novo iPad Mini funciona no iPad de 2018.
Eu entendo que muita gente prefere o formato compacto do iPad Mini — é por isso que o produto ainda existe e foi atualizado. Mas, em 2019, eu vejo pouco sentido em comprar o tablet de 7,9 polegadas da Apple, principalmente devido ao posicionamento de preço no Brasil.
Por R$ 3.499, o iPad Mini fica entre o iPad de 9,7 polegadas (R$ 2.799) e o iPad Air de 10,5 polegadas (R$ 4.499). Se for para fazer trabalhos pesados, você provavelmente se beneficiaria da tela maior do Air e pagaria o valor mais alto — os dois preços são altos, afinal de contas. Se for só para entretenimento ou estudo, o iPad de 9,7 polegadas já dá conta do recado por um preço mais interessante. Se for só para ler e ter uma portabilidade maior, um Kindle custa literalmente um décimo do preço.
Com desempenho impecável, bateria de longa duração, tela de alta qualidade e um ecossistema bem desenvolvido, o novo iPad Mini é, disparado, o melhor tablet compacto que eu não compraria.
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