Seguindo a tradição, a Motorola lançou um novo celular intermediário para quem não quer ficar se preocupando com bateria. O Moto G9 Power tem 6.000 mAh, promessa de 60 horas de autonomia e uma telona de 6,8 polegadas. Ele compartilha muitos detalhes com o Moto G9 Play, mas traz o dobro de armazenamento e uma câmera de maior resolução.
Com preço de lançamento de R$ 1.899, o lançamento da Motorola é equipado com Snapdragon 662, câmera de 64 megapixels com modo de visão noturna e, claro, um carregador incluso na caixa. Mas será que a bateria dura mesmo? E o desempenho, como é? Eu usei o Moto G9 Power como meu smartphone principal nas últimas semanas e conto minhas impressões neste review.
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Nenhuma empresa, fabricante ou loja pagou ao Tecnoblog para produzir este conteúdo. Nossos reviews não são revisados nem aprovados por agentes externos. O Moto G9 Power foi fornecido pela Motorola por empréstimo. O produto será devolvido à empresa após os testes.
O Moto G9 Power é um celular gigante, mesmo para quem está acostumado com telas grandes: antes dele, o último celular que havia analisado era o iPhone 12 Pro Max. A Motorola não economizou no tamanho do painel LCD, de 6,8 polegadas, nem na espessura de quase 10 mm para abrigar a bateria enorme de 6.000 mAh. O peso de 221 gramas também é sentido no bolso da calça a todo momento.
Em vez de trazer um plástico transparente que tenta imitar vidro, como nos outros modelos da linha, o Moto G9 Power possui uma traseira de plástico texturizado com linhas e curvas que refletem a luz de uma forma peculiar. A aderência não é das melhores, mas a capinha que acompanha o produto mantém o smartphone seguro nas mãos. Também é na traseira que está o leitor de impressões digitais, rápido e preciso, sem surpresas.
A tela do Moto G9 Power é bem alta, com proporção 20,5:9 e bordas padrões na categoria, que não são muito finas e trazem um queixo para quebrar a simetria do design. Ela só é interrompida por um pequeno furo no canto superior esquerdo para a câmera de selfie de 16 megapixels.
A qualidade de imagem é razoável. O brilho não é dos mais fortes, mas permite uma visualização satisfatória mesmo sob a luz do sol. Já o nível de preto está dentro do que se espera para um painel IPS, mas decepciona um pouco quando se olha para as telas AMOLED que a concorrência vem adotando nos aparelhos intermediários.
Além disso, a resolução de 1640×720 pixels (ou seja, HD+) pode incomodar em um visor tão grande, ainda mais considerando que não é difícil encontrar celulares com telas 1080p na mesma faixa de preço, como o Samsung Galaxy M31. Lembro também que o Moto G8 Power, antecessor lançado no Brasil em março de 2020, tinha uma tela Full HD+, então houve uma baixa importante entre gerações.
De fábrica, o Moto G9 Power roda o Android 10 com a mesma interface dos outros aparelhos da marca, com o pacote do Google e algumas ferramentas da própria Motorola pré-instalados, como a vitrine App Box, a comunidade Hello You e o tradicional aplicativo Moto, que reúne funções como os gestos para ligar a câmera, o editor de captura de tela e uma opção para trocar os ícones e as fontes do sistema.
Embora o Android da Motorola me agrade, é uma pena que a empresa tenha perdido uma de suas antigas forças, que eram as promessas de atualizações rápidas mesmo na linha Moto G. Segundo a Motorola, o Moto G9 Power receberá o Android 11 nos próximos meses, mas alguns smartphones relativamente recentes ficarão de fora da festa, como o Moto G8 Plus, lançado há um ano, no final de 2019.
Em regra, a Motorola só está liberando uma atualização de versão de Android para o Moto G. Por isso, é bom nem procurar saber quais serão as novidades do Android 12, porque você provavelmente terá que comprar outro aparelho para experimentá-las. Torço para que isso mude.
Continuando com a tendência de múltiplas lentes, o Moto G9 Power reúne três câmeras na traseira. Quero dizer, mais ou menos: o sensor principal tem resolução de 64 megapixels e acompanha uma lente com abertura de f/1,7 que cria boas expectativas, mas o resto do conjunto é formado por um sensor de profundidade e uma câmera macro de 2 megapixels que já foram muito criticados pela baixa qualidade. Eu comento mais sobre isso, mas adianto que não houve muitas mudanças no cenário.
A câmera principal tira boas fotos para um celular intermediário. Quando a iluminação está favorável, o alcance dinâmico é satisfatório, o ruído é baixo e o nível de detalhes agrada, sem exagerar no filtro de nitidez como fazem alguns concorrentes. O sensor Quad Pixel reúne quatro pixels em um, o que significa que você terá fotos de até 16 megapixels no modo padrão. É possível ativar a função Ultra-Res, que salva imagens de 64 megapixels, mas o processamento demora muito e os ganhos não compensam.
Em ambientes internos, com iluminação artificial, a definição cai bastante mesmo com uma lente de abertura grande: detalhes mais finos são perdidos e ruídos em áreas de sombra começam a surgir. Mas a qualidade continua dentro do esperado para um aparelho novo dessa categoria — só decepciona se você compará-lo com um topo de linha de geração passada, que já desvalorizou bastante no varejo.
O modo Night Vision cumpre o papel de tirar uma foto noturna com ruído controlado, mas eu mantenho minhas críticas quanto ao pós-processamento da Motorola, que satura demais as cores e exagera na exposição: às vezes, uma noite fica parecendo um fim de tarde, de tanto ganho nas sombras e no contraste. De qualquer forma, o resultado deve agradar a maioria das pessoas, principalmente aquelas que só vão visualizar as fotos em tamanho reduzido no seu Instagram.
E a câmera macro? Bom, ela continua bem ruim. A Motorola insiste tanto nesse sensor de 2 megapixels que faz parecer que ele só está ali para cumprir tabela e aumentar o número de buracos na traseira dos celulares mais acessíveis. Apesar de ter a vantagem de focar a uma distância menor, a lente com abertura f/2,4 não ajuda muito na definição e no alcance dinâmico da imagem, capturando imagens com pontos de luz estourados e com ruído. Os usuários provavelmente ficariam mais felizes com uma lente ultrawide.
Já a câmera frontal de 16 megapixels não desaponta. As selfies são detalhadas e as cores agradam pelo equilíbrio nos tons. Mesmo em ambientes internos, os resultados continuam bons, sem um aumento tão grande no ruído e com um modo retrato fazendo um bom trabalho no recorte do sujeito para desfocar o fundo.
O hardware do Moto G9 Power tende a oferecer resultados semelhantes aos do Moto G9 Play, que é equipado com o mesmo processador Snapdragon 662 e 4 GB de RAM. É estranho falar isso de um chip da série 600 da Qualcomm, que até pouco tempo atrás estaria dentro de um intermediário premium, mas o motor do Moto G9 Power entrega um desempenho básico, com algumas engasgadas aqui e ali quando muitos aplicativos estão abertos, embora nada muito grave.
Aplicativos do dia a dia, como Facebook, WhatsApp e Instagram, rodam sem reclamar, como deveria ser em qualquer celular. Jogos com gráficos mais pesados, como Asphalt 9, até são executados com tudo no máximo na GPU Adreno 610, mas o resultado é pior que Cyberpunk 2077 no PlayStation 4 Slim. É melhor dosar as expectativas e reduzir as configurações para obter mais fluidez durante toda a jogatina.
A bateria, que é o grande chamariz do Moto G9 Power e foi reforçada no nome do produto, me surpreendeu (e olha que eu tinha expectativas altas). Como estou mais tempo em casa e usando menos o celular, já cheguei a ficar três dias sem carregar o componente de 6.000 mAh, com pouco mais de 12 horas de uso de tela. A porcentagem de bateria demora tanto para cair que até pensei que o indicador de carga estivesse com algum bug.
No teste padrão de quarentena, com três horas de Netflix, uma hora de navegação na web e meia hora de Asphalt 9, com Wi-Fi e brilho no máximo, a bateria do Moto G9 Power passou de 100% para 56%, um resultado excelente. Na prática, a maioria das pessoas deve carregar o aparelho só a cada dois dias. O adaptador de tomada TurboPower de 20 watts, incluso na caixa, abasteceu o smartphone de 3% para 100% em exatamente 2h31min.
O Moto G9 Power é um smartphone claramente focado em quem não quer se preocupar com bateria e cumpre bem esse papel. Na prática, para boa parte dos usuários, a autonomia pode ser até maior que as 60 horas prometidas pela Motorola e, se você não é o tipo de usuário que costuma jogar no celular, é quase certo que só deverá procurar o carregador uma vez a cada dois ou três dias.
Mas é claro que a Motorola poderia ter feito um trabalho melhor em vários pontos. O principal rival na faixa de preço é o Galaxy M31, que tem desempenho semelhante e mesma capacidade de bateria, mas traz um painel AMOLED Full HD+ e um conjunto óptico mais útil: existe uma câmera macro de 5 megapixels na Samsung, mas também uma lente ultrawide para fotografar paisagens.
A opção da Motorola faz sentido para quem coloca o tamanho da tela em primeiro lugar, já que é difícil competir com as 6,8 polegadas do Moto G focado em bateria. Se eu gostei do Moto G9 Power? Eu adorei: celulares com muita autonomia sempre me dão aquela liberdade de andar por aí sem nem pensar em cabo, carregador ou power bank. Mas não dá para ficar sem olhar para a concorrência.
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