Funcionários da PHE (Public Health England), agência de saúde pública do Reino Unido, usaram um formato antigo de planilha do Excel para registrar casos de teste positivo do novo coronavírus. O arquivo pode ter no máximo 65 mil linhas; por isso, o programa da suíte Microsoft Office desconsiderou quase 16 mil casos de COVID-19 no país.
O que aconteceu no Reino Unido? O serviço NHS Test and Trace, que tenta conter a disseminação da COVID-19 no país, reuniu dados sobre testes do coronavírus em um arquivo CSV (texto com valores separados por vírgula), segundo o The Guardian.
Ele foi enviado para a PHE, que “configurou um processo automático para reunir esses dados no Excel”, diz a BBC. (Isso provavelmente é uma macro em VBA.) O problema: a conversão foi feita para o formato XLS, capaz de guardar até cerca de 65 mil linhas. Essa planilha só poderia armazenar aproximadamente 1.400 casos, porque cada resultado do teste de coronavírus cria várias linhas de dados.
E o que ocorre ao tentar converter para XLS um arquivo que estoure o limite de linhas? Bem, o Excel remove o restante, já que não vai caber na planilha. Por isso, 15.841 casos entre 25 de setembro e 2 de outubro ficaram de fora dos números diários informados pelo Reino Unido; felizmente, isso já foi corrigido.
O Reino Unido está passando por um novo pico de infecções pelo coronavírus. O país realiza testes de COVID-19 e usa rastreamento de contato para informar quem precisa ficar de quarentena, a fim de reduzir o contágio. Todas as pessoas que testaram positivo foram informadas do diagnóstico; no entanto, se a planilha cortou seus dados, os contatos próximos não receberam o aviso.
Para evitar isso da próxima vez, a PHE precisa usar outro formato de planilha no Excel. O XLS permite armazenar até 65.536 linhas (ou 216) e 256 colunas (ou 28); enquanto o XLSX expande esse limite para 1.048.576 linhas (220) e 16.384 colunas (214).
Erros no uso do Excel já foram responsáveis por dores de cabeça no passado. Um estudo econômico sobre dívida e PIB foi questionado após descobrirem que os pesquisadores usaram fórmulas incorretas na planilha, deixando de incluir diversos países na comparação.
Com informações: Ars Technica.
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