O Comitê de Comércio do Senado dos Estados Unidos realizou nesta quarta-feira (28) uma audiência com os CEOs de Facebook, Google e Twitter. A sessão foi convocada para tratar da Seção 230, um trecho do Communications Decency Act que isenta as plataformas de responsabilidade sobre o conteúdo publicado por usuários. A lei é alvo de críticas por alguns parlamentares, que defendem mudanças, mas foi defendida pelos executivos.
Com quase quatro horas de duração, a audiência com Mark Zuckerberg, Sundar Pichai e Jack Dorsey foi marcada por acusações, por parte dos republicanos, de censura contra discursos conservadores e por críticas, dos democratas, pela falta de ações mais intensas para combater a desinformação. Os senadores questionaram ainda quais medidas estão sendo tomadas antes das eleições dos EUA, marcadas para a próxima terça-feira (3).
Em uma de suas falas, Zuckerberg admitiu a necessidade de mudanças na Seção 230 para dar as os usuários mais transparência sobre a moderação de conteúdo. Depois, o executivo se posicionou junto a Pichai e Dorsey ao entender que não há necessidade de mudar o final do trecho da lei que autoriza empresas a restringirem conteúdo considerado “obsceno”, “lascivo”, “excessivamente violento”, “hostil” ou “questionável de outra forma”.
“Me preocupo que algumas propostas que sugerem a eliminação da frase ‘questionável de outra forma’ da Seção 230 limitariam nossa capacidade de remover conteúdo de bullying e assédio em nossas plataformas, o que as tornaria lugares piores para as pessoas”, afirmou Zuckerberg. “Acho que precisamos ter cuidado em como pensamos sobre isso”.
O executivo afirmou que o Facebook vai agir para evitar a desinformação com declarações precoces de vitória no dia da eleição dos EUA. A plataforma já havia adiantado que, se um post desse tipo for feito por candidatos, ele será sinalizado com as informações oficiais da apuração. Zuckerberg também prometeu banir publicações em que candidatos incitam a violência e alegou que sua rede social removeu recomendações de grupos sobre política.
O CEO do Twitter, Jack Dorsey, foi bastante questionado por como a plataforma agiu para limitar a disseminação de uma reportagem do New York Post sobre e-mails envolvendo o filho do candidato democrata à presidência dos EUA, Joe Biden. O compartilhamento da notícia foi proibido pela rede social e, depois de diversas críticas, voltou a ser permitido.
Dorsey se desculpou pela decisão e defendeu a adoção de medidas que aumentem a transparência. “Percebemos que precisamos ganhar mais confiança. Percebemos que é necessária mais responsabilidade para mostrar nossas intenções e resultados”, afirmou o executivo.
Ele também foi questionado por sinalizações feitas ao tweet em que o presidente dos EUA, Donald Trump, questiona a segurança dos votos por correio. Para alguns senadores republicanos, a rede social não atua da mesma maneira em outras situações.
“Quando pensamos sobre a aplicação de uma regra, consideramos a gravidade dos danos offline e agimos o mais rápido possível”, explicou Dorsey. “Atuamos com base nos tweets de líderes de todo o mundo, incluindo o presidente. E tomamos medidas em relação a esse tweet, porque vimos a confusão que poderia ocorrer e o rotulamos de acordo”.
Dos três executivos, Sundar Pichai foi o que menos foi questionado por senadores. O executivo afirmou que o Google tem uma extensa atuação na moderação de conteúdo, com despesa de US$ 4 bilhões por ano com cerca de 10 mil moderadores. Porém, os senadores se concentraram em críticas à companhia depois da ação do Departamento de Justiça dos EUA por conta de um suposto monopólio em buscas e anúncios online.
Uma das senadoras classificou como “ofensiva” a resposta do Google para a acusação. A empresa havia alegado que a ação judicial é “profundamente falha” e que as pessoas usam seus serviços porque querem. Na audiência do Senado, Pichai voltou a defender a posição da empresa. “Vemos uma forte concorrência em muitas categorias”, afirmou.
Em sua fala inicial, o executivo também manteve o posicionamento de que a empresa não limita discursos por conta de política. “Abordamos nosso trabalho sem viés político, ponto”, afirmou. “Fazer outra coisa seria contrário aos nossos interesses comerciais e à nossa missão, o que nos obriga a tornar as informações acessíveis a todos os tipos de pessoas, independentemente de onde vivam ou no que acreditam”.
Com informações: The Washington Post, The New York Times.
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