A Etiópia, segundo país mais populoso da África, com 109 milhões de habitantes, está desconectado da internet há duas semanas. O governo etíope bloqueou o acesso dos cidadãos à rede para conter protestos após o assassinato de Hachalu Hundessa, famoso cantor e ativista local. A internet do país é controlada por uma estatal que detém o monopólio do serviço.
Hachalu Hundessa foi um músico que se tornou um dos símbolos na Etiópia após os protestos de 2016 contra os abusos de direitos humanos; ele escreveu músicas para que os oromas, que representam um terço da população etíope, se unissem e resistissem à opressão. Na época, o governo também respondeu bloqueando o acesso à internet da população.
O cantor, que já vinha recebendo ameaças, foi morto a tiros no dia 29 de junho na capital Adis Abeba. Seu assassinato causou protestos pelo país que resultaram na morte de pelo menos 239 pessoas e na prisão de mais de 5.000 etíopes, segundo o Wall Street Journal. Na manhã de 30 de junho, praticamente toda a Etiópia já estava desconectada da internet. Acredita-se que o governo tenha cortado as conexões para conter informações sobre abusos.
Desde então, a internet não voltou no país: o governo chegou a liberar o serviço para embaixadas e missões estrangeiras na quinta-feira (9), mas a população continua sem acesso. Trata-se do maior período de bloqueio na Etiópia; o último havia sido de 10 dias, em junho de 2019, quando o chefe do exército foi assassinado durante uma tentativa de golpe.
Na Etiópia, o acesso à internet é feito por uma única operadora, a Ethio Telecom, uma das gigantes estatais do país, junto com a Ethiopian Airlines. A Ethio detém o monopólio de todos os serviços de telecomunicações do país, incluindo telefonia fixa, móvel e banda larga. O governo iniciou um processo de privatização, mas ainda pretende manter o controle da companhia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário