A Apple enfrenta uma investigação antitruste nos Estados Unidos e, como parte desse processo, teve e-mails internos expostos. Dois conjuntos deles chamaram atenção: eles revelam o porquê de os usuários não conseguirem comprar e-books no aplicativo do Kindle para iPhone e iPad.
O app tem diversas funções. Com ele, você pode ler e-books ou revistas, sincronizar leituras com dispositivos Kindle, receber notificações sobre publicações novas e consultar recomendações de livros em diversas categorias. Só não dá para comprar as obras. Para isso, é necessário acessar o site da Amazon.
Como aponta o The Verge, era possível adquirir e-books no aplicativo do Kindle para iOS até o início de 2011, mas uma mudança nas políticas de compras e assinaturas da Apple fez a Amazon remover essa função do app.
Ao analisar dois conjuntos de e-mails trocados entre Steve Jobs e executivos da Apple no final de 2010, o The Verge descobriu mais detalhes sobre o que aconteceu.
Em uma das mensagens, Phil Schiller, vice-presidente de marketing da Apple, explica que a companhia abriu uma exceção para a Amazon relacionada à política de compras porque “os usuários estariam comprando livros em um dispositivo Kindle e os acessavam mais tarde no iPhone”.
Porém, em outra troca de mensagens, Schiller se aborrece com comerciais de TV da Amazon que mostram que o aplicativo do Kindle é multiplataforma e, por isso, o usuário poderia alternar leituras entre um iPhone e um smartphone Android.
Para completar, os dispositivos móveis da Apple já tinham mais volume de vendas do que quando o acordo com a Amazon foi fechado. Foi aí que a tal exceção aberta para a empresa de Jeff Bezos começou a ser revista.
“Eu penso que devemos informar à Amazon que, baseado em seus próprios comerciais de TV, está claro que o uso do aplicativo [do Kindle] agora viola nossos termos e diretrizes, e que eles precisam adotar nosso sistema de compras de livros digitais também”, diz Schiller em um dos e-mails.
Steve Jobs concordou: “é hora de eles usarem nosso sistema de pagamento ou pularem fora”. Em outra mensagem, ele disse: “acho que tudo é bem simples — o iBooks deve ser a única plataforma de venda de livros em dispositivos iOS. Devemos manter a cabeça erguida. É possível ler livros comprados em outros serviços, mas não comprar / alugar / assinar no iOS sem nos pagar, o que reconhecemos ser proibitivo para muitas coisas”.
Se a Amazon tentou, não conseguiu negociar. Aderir ao sistema de cobrança da App Store significaria pagar uma porcentagem à Apple sobre vendas que faria os preços dos e-books aumentarem. Não valeria a pena: brigar pelo preço sempre foi uma das principais estratégias da Amazon.
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