A visão de um futuro com robôs operando humanos em larga escala e de forma autônoma parece mais distante após a descoberta de um grupo de pesquisadores na Universidade do Texas. Após a revisão de 50 ensaios clínicos publicados em plataformas científicas, a equipe chegou à conclusão de que não há vantagem clara em cirurgias operadas por robôs — na verdade, elas são mais caras, mais demoradas e não são mais seguras do que as convencionais.
O estudo obteve dados de cirurgias randomizadas, compreendendo mais de 4.800 pacientes em procedimentos assistidos por robôs, em cirurgia aberta ou em laparoscopia (cirurgia menos invasiva). Segundo os pesquisadores, a ideia era avaliar a quantidade de evidências que poderiam sugerir uma superioridade nos procedimentos feitos com auxílio de robôs.
A equipe observou pontos como complicações intra-operatórias, taxas de conversão para cirurgia aberta e resultados em longo prazo. Entretanto, apesar de cirurgias assistidas por robôs geralmente apresentarem “custos extremos”, elas não apresentaram nenhuma vantagem clara.
Segundo o estudo, o custo inicial da plataforma robótica mais comum para os procedimentos cirúrgicos é de US$ 1,5 milhão — isso sem contar os custos adicionais para manutenção ou treinamento de profissionais que operam um robô. Outro ponto negativo é o tempo de duração de um procedimento assistido por robô, que geralmente é maior se comparado a uma cirurgia convencional.
A pesquisa afirma que apesar do conceito de robótica ser amplamente discutido e utilizado na medicina, inclusive para cirurgias assistidas, ele é, na verdade, um nome impróprio, já que ainda não há de fato a automação desses robôs. Os cientistas da Universidade do Texas explicam que os “robôs” usados atualmente em cirurgias ainda são plenamente controlados por cirurgiões.
Segundo dados de uma reportagem publicada pelo ZDNet há algumas semanas, atualmente, cerca de 40% das cirurgias nos EUA são são feitas de forma invasiva (cirurgia aberta), 50% delas são por laparoscopia (menos invasivas, mas mais difíceis para o cirurgião) e entre 3% e 5% estão sendo feitas roboticamente.
Apesar da conclusão, o uso de robôs nesse tipo de procedimento é importante para refinar a técnica empregada em cirurgias, além de proporcionar competição e redução de custos, o que — junto às melhorias proporcionadas pela chegada das redes 5G — deve impulsionar o desenvolvimento de versões potencialmente melhores e mais independentes no futuro.
Você pode ver o estudo na íntegra, na respeitada revista Annals of Internal Medicine.
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