segunda-feira, 28 de junho de 2021

Precisamos temer a franquia na banda larga fixa; eis os motivos | Telecomunicações | Tecnoblog

Uma reportagem exclusiva do Tecnoblog revelou a limitação de velocidade na banda larga da Claro: a dona do serviço NET Virtua aplicou uma redução para 30 Mb/s de download para alguns clientes com contratos de 240 Mb/s e que utilizaram mais de 4 TB durante o mês. Com uma cautelar da Anatel em vigor proibindo esse tipo de prática, é preciso temer a franquia na internet fixa? Sim, ainda que os provedores regionais tenham intensificado a concorrência – confira os motivos a seguir.

Fantasma da franquia da banda larga volta a assombrar brasileiros (Imagem: Pixabay)

Foram mais de 150 comentários na comunidade do Tecnoblog sobre a matéria da banda larga NET Virtua, além de diversas publicações nas redes sociais. Diversos clientes se identificaram com a mesma situação, mas é necessário explicar que nem todo mundo recebeu limitação da Claro.

Nesses comentários, é possível perceber um descontentamento geral por parte dos clientes da Claro NET. Vários reclamam sobre a velocidade entregue inferior ao contratado, mas é necessário analisar o cenário:

Os problemas com rede saturada e uso do modem Wi-Fi fornecido em comodato não recaem apenas sobre a Claro – clientes da Vivo, Oi, TIM e provedores regionais também enfrentam situações parecidas.

Para garantir uma melhor conexão, é ideal que o uso do cabo de rede seja priorizado em dispositivos que usam mais dados, como computadores, videogames e smart TVs. Quem puder comprar um roteador próprio — preferencialmente com tecnologia Wi-Fi Mesh — terá uma rede sem fio com qualidade melhor do que aquela disponibilizada pelo modem da operadora.

Roteador de internet (Imagem: nrkbeta/Flickr)

Trafegar 4 terabytes não é uma tarefa fácil — apesar de não ser impossível, principalmente com os videogames da nova geração. O Tecnoblog entrevistou dois usuários da Claro NET, mas após a publicação da matéria apareceram outros clientes com situação similar.

O leitor Henrique Matheus, de Ribeirão Preto (SP), também foi afetado pela limitação da Claro. Ele relata que contratou a banda larga de 120 Mb/s e ganhou a velocidade em dobro durante o período de 12 meses, mas também foi limitado em 30 Mb/s por uso intenso.

Assim como os outros clientes, a velocidade de Henrique foi reestabelecida para o contratado após diversas visitas técnicas. No entanto, a limitação tornava a acontecer no dia seguinte.

Henrique reclamou sobre a Claro na Anatel. A operadora enviou uma resposta informando que “o consumo de dados (…) tem se mostrado incompatível ao uso médio da rede pelos clientes (…), apresentando-se em desconformidade com o perfil de uso residencial contratado”.

A operadora também afirma que é necessário “avaliar junto à Embratel, ou outra empresa, um produto que melhor atenda a sua necessidade”, e desestimula a continuidade do contrato ao dizer que esse tipo de serviço não existe no portfólio residencial da Claro:

Resposta da Claro sobre limitação na banda larga (Imagem: Acervo pessoal)

Após a resposta da Claro na reclamação da Anatel, Henrique relatou que foi necessário fazer o cancelamento do contrato da banda larga NET Virtua.

Todas as grandes operadoras (Claro, Oi, Vivo e TIM) têm alguma limitação do tráfego de dados imposta nos contratos dos seus planos. Quando o fantasma da franquia de banda larga surgiu em 2016, vários brasileiros ficaram preocupados com o futuro da banda larga no Brasil.

Só que, de 2016 pra cá, houve uma mudança significativa no mercado: os pequenos provedores, juntos, representam 39,2% dos contratos de banda larga fixa em abril de 2021. Esse número deve ser ainda maior, tendo em vista que há uma relevante subnotificação das operadoras regionais no sistema de dados da Anatel.

Em algumas regiões, a oferta de banda larga fixa nunca foi tão alta: eu mesmo moro em um local onde quatro operadoras locais competem com as teles tradicionais. No entanto, ainda há diversas regiões (especialmente nas áreas centrais das cidades) que não possuem opção de fibra óptica disponível.

Em alguns locais, Claro é a única operadora de banda larga viável (Imagem: Lucas Braga/Tecnoblog)

Um exemplo: no bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro (RJ), ainda não há disponibilidade da Vivo Fibra, Oi Fibra ou outro provedor regional, somente Claro NET e Oi ADSL — sendo que essa última interrompeu a comercialização de internet por cobre para novos assinantes. A única operadora capaz de oferecer velocidades maiores que 100 Mb/s nessa região é a Claro, através dos cabos coaxiais. Situações similares acontecem em diversas regiões dentro das grandes cidades.

Algumas operadoras dos Estados Unidos já possuem contratos de banda larga há mais tempo, e oferecem a opção de planos ilimitados através de uma taxa adicional. No entanto, a Cox, tele que tem 5,2 milhões de clientes de internet, ameaça reduzir a velocidade de regiões inteiras por uso excessivo.

De acordo com o Ars Technica, um cliente com plano de velocidade gigabit — que também tem um pacote adicional de US$ 50 para uso ilimitado — foi sinalizado sobre a redução da banda larga de toda a vizinhança. Ele trafegava algo entre 8 TB a 12 TB por mês, e recebeu um ultimato da Cox para reduzir a utilização e evitar que seu contrato seja encerrado.

Com o exemplo acima, acho que dá pra responder o título da matéria: sim, devemos temer as franquias na banda larga fixa, especialmente aqueles usuários que fazem uso um mais intenso da internet e não têm outras operadoras disponíveis na região.

Em 2019, a Claro pediu para a Anatel que libere as franquias na banda larga fixa no Brasil, para que as teles possam exercer a “liberdade nos modelos de negócio”. A operadora também está presente na República Dominicana, onde ela já aplica suspensão de uso da internet residencial para quem ultrapassa a marca de 2 terabytes trafegados.

A cautelar em vigor da Anatel que proíbe redução de velocidade, corte de conexão ou cobrança adicional nos acessos de internet fixa é um grande alívio, mas não se sabe até quando. Além de algumas operadoras já desrespeitarem essa norma, há um grande risco de essa medida de proteção ao consumidor ser revogada, uma vez que a agência passa por um processo de “guilhotina regulatória” para simplificar as regras.

A discussão das franquias deve ser retomada? Há aspectos técnicos e objetivos envolvidos na limitação de velocidade? Como o contexto da pandemia e o sucesso das pequenas operadoras influenciam na questão? Esses são alguns dos assuntos tratados nesse episódio para te ajudar a entender esse espinhoso tema. Dá o play e vem com a gente!

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Comentários com a maior pontuação

Não e nunca! Franquia de dados numa fixa é contra o desenvolvimento tecnológico. Downloads cada vez são maiores, cada vez mais streaming e cada vez mais conteúdo pra baixar.

Precisamos sim temer franquia em conexões fixas.

Como o @Joao_Almeida mencionou, temos downloads cada vez maiores e streaming cada vez mais presentes. É mais do que claro que as operadoras vão querer limitar as conexões, com certeza tentando vender pacotes adicionais.

Infelizmente esse tipo de coisa ja esta chegando nos provedores regionais tb, o da minha regiao mudou recentemente o contrato para 1TB como uso excessivo.

Provavelmente quem fornece a eles tbm impõe um limite, então é de se esperar q eles vão repassar ao cliente.

Estou só vendo a hora que vai dar merda nisso ainda, as operadoras mais ou ou menos horas vão conseguirem derrubar essa decisão da Anatel.

Tenho na minha cabeça que é quesão de QUANDO e não SE vão conseguir.

4TB para velocidade até 150 Mbps eu acho um valor realista, mas num plano de 240 Mbps como o da Claro já é pouco, teria de ser de 6TB pra cima, e nos planos de 400 Mbps ou mais teria de ser algo a partir de 10 TB.

Me parecem limites razoáveis pra essas velocidades, mas me preocupa o q seria uma franquia “mínima”. Capaz de limitarem a 1TB conexões abaixo de 100mbps, o q é bem baixo.

1 Tera não faz o menor sentido, em casa por exemplo 100% do que se assiste é Streaming (Directv Go, Youtube, Netflix, Prime Video e Disney Plus), eu alcançaria esse limite em poucos dias.

Infelizmente, se a mídia especializada e os usuários não prestarem atenção, as franquias vão voltar com tudo.

E se engana quem pensa que provedor pequeno vai se salvar, garanto que tem muito provedor cujo dono pensa “só estamos esperando as outras começarem com franquia para nós entrarmos no bonde”.

Por mais q eu concorde com uma franquia alta (pq realmente tem uns poucos q abusam e estes poucos fazem todos pagarem a conta), temos um problema… Pq voltando as franquias, abre precedentes pra prestadora colocar o limite q quiser.

E Invariavelmente ela vai colocar franquia baixa pra, além do plano, vender franquia tb.

Já acho bizarro limite de franquia em redes móveis, imagina em banda larga fixa. As operadoras vão forçar o quanto puderem até conseguirem o que querem, vamos ver se a Anatel vai ficar de 4 e obedecer ou meter o “foda-se”

Pq voltando as franquias, abre precedentes pra prestadora colocar o limite q quiser.

Por isso precisamos sair na frente e definir o que é uma franquia aceitável antes das operadoras definirem por elas mesma uma franquia baixa. Precisamos de uma lei pra regulamentar essa questão.
Não sou o maior fã do estado regulamentando tudo, mas sabemos os absurdos que as operadoras vão oferecer se o estado não se meter. Minha sugestão é 2tb pra cada 100 Mbps, subiu a velocidade a franquia sobre de forma proporcional (o que a claro não faz, as franquias não são proporcionais a velocidade)

As operadoras já estabelecem o limite de franquia em seus contratos (e podem fazer isso legalmente)

O principal foi a ANPD, mas existem outros vetos no texto aprovado pelo presidente Michel Temer que seriam importantes

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