2020 foi difícil para muitos, mas parece que nunca se jogou tanto como ultimamente. Games indies, como Fall Guys e Among Us, se tornaram hits neste ano de pandemia e isolamento social. The Last of Us Part II sagrou-se Jogo do Ano e Cyberpunk 2077 enfrentou vários problemas em seu lançamento. A chave de ouro dos destaques foi a chegada dos consoles da nova geração: PlayStation 5 e Xbox Series X/S.
Mais lançamentos, polêmicas e assuntos diversos permearam o ano de 2020 nos games. O Tecnoblog separou, a seguir, cincos destaques no meio deste mar de acontecimentos.
A Microsoft entrou na nona geração de consoles com dois aparelhos: o Xbox Series X (modelo topo de linha da fabricante) e o Xbox Series S (opção com melhor custo-benefício). Ambos os consoles chegaram em 10 de novembro no mundo todo, incluindo Brasil.
Com preços oficiais no país de R$ 4.599 (Series X) e de R$ 2.799 (Series S), os videogames foram avaliados aqui no Tecnoblog (links de ambos os reviews abaixo).
Pela primeira vez nos videogames da fabricante, um SSD dá lugar ao tradicional HD para carregamentos mais rápidos: o espaço de armazenamento do X é de 1 TB contra 512 GB do S. Em se tratando de um aparelho 100% digital, 512 GB é um tanto insuficiente, especialmente se considerarmos os tamanhos de alguns games AAA da atualidade (isso sem contar o espaço alocado para o sistema do console). É possível expandir este armazenamento, no entanto.
Em relação a jogos, comprar um novo videogame no lançamento de uma nova geração é ter que lidar com a escassez de títulos desenvolvidos já pensando na nova plataforma. No caso do Xbox Series X/S, a solução para esta questão está no recurso de retrocompatibilidade (para jogos do Xbox One, 360 e o primeiro Xbox) e Smart Delivery, que entrega a melhor versão possível de um jogo.
O Xbox Series X tem grande poder de fogo com seus 12 teraflops e capacidade de renderizar jogos em 4K, além de ter potencial para expandir seus horizontes ainda mais com o passar do tempo e o lançamento de novos games.
Já o Series S torna-se uma opção interessante para quem quer entrar na nova geração, mas não pode pagar por um topo de linha. Apesar de ter apenas 4 teraflops (comparando com o X) e ficar limitado a 1440p (com upscaling em 4K), o console “mais barato” da Microsoft promete ser uma boa opção para assinantes do Game Pass e também por ser bem mais portátil que o irmão maior.
O PlayStation 5 chegou ao Brasil no dia 19 de novembro em duas edições: com disco, pelo preço sugerido de R$ 4.699, e a Digital Edition, por R$ 4.199. Diferentemente dos modelos da nova geração da Microsoft, que além do preço também diferem no hardware, a única diferença entre as duas versões do PS5 é mesmo a existência (ou não) do leitor de discos.
O console da Sony traz um SSD para carregamentos mais rápidos, suporte a 4K e até 120 quadros por segundo – isso se o jogo der suporte, é claro. Mas não é só isso: o PS5 também tem saída em 8K, contando que você tenha uma TV (que está longe de ser barata) para testar o recurso.
Veja mais detalhes sobre o hardware do PS5 na análise do Tecnoblog, a seguir:
Talvez um dos maiores destaques do PlayStation 5 seja o novo controle DualSense, sucessor do DualShock 4, do PS4. Confortável de usar, o acessório traz feedback háptico que perfaz algumas sensações ao jogar. Se o game tiver suporte é possível ouvir e sentir, por meio do áudio e vibrações do próprio controle, ações específicas da gameplay.
A interface do usuário também foi atualizada e organizou melhor a loja, PlayStation Plus, assuntos de destaques e separou os games da parte de mídia.
Assim como no Xbox Series X/S, o PlayStation 5 também conta com o recurso de retrocompatibilidade, só que um pouco mais restrito: a função está disponível para a maioria dos jogos do PS4 e PlayStation VR. Seria bem interessante que essa funcionalidade se estendesse aos jogos do PlayStation 2 e 3 também, mas até o momento não há novidades da Sony a respeito.
A Sony restringiu a venda do PlayStation 5 às lojas online e causou uma corrida em massa para garantir a pré-compra do console. Muitos que não conseguiram reservar o console antes precisam, agora, peregrinar online em busca de um vendedor ou loja que ainda tenha o PS5 em estoque.
A alta procura para a baixa demanda de aparelhos, inclusive, inflacionou o preço do videogame para até mais do dobro do valor original em algumas lojas do chamado “mercado cinza”. Até mesmo “robôs cambistas” estavam sendo usados para comprar estoques com mais rapidez para revenda.
Esse comportamento, que também aconteceu com o Xbox Series X, não é exclusivo do Brasil e abrange outros países. Ao que parece, a Sony não estava preparada para tanta procura.
The Last of Us Part II teve um pré-lançamento conturbado, com partes do roteiro e gameplay vazados na internet. Antes mesmo de chegar ao PS4, em 19 de junho, a continuação de um dos games de maior sucesso da Naughty Dog, e exclusivo do PlayStation, já acumulava críticas por parte de alguns fãs mais acalorados, especialmente por conta dos possíveis destinos de alguns personagens.
Mesmo assim, o game foi um dos maiores lançamentos de 2020, o que lhe rendeu alguns prêmios como jogo do ano, como no The Game Awards, além de conquistas em outras categorias. Você pode ler o review, a seguir:
The Last of Us Part II é, em essência, uma história que te faz pensar em até onde você iria por vingança. O que (ou quem) arriscaria perder? Apesar de Ellie ser a protagonista, os holofotes também são divididos com Abby, na segunda parte da história, e ambas as narrativas se encontram e se completam mais para o final do jogo.
O game traz um modo Novo Jogo+, belo visual, combates mais ágeis e melhor uso do ambiente a seu favor – seja para criar distrações ou mesmo para se esgueirar na vegetação para ataques furtivos.
No geral, para quem gosta de jogos bem focados em narrativa, The Last of Us é uma ótima opção e este segundo episódio da franquia consegue trazer uma carga emocional ainda mais forte e até mais pesada que seu antecessor.
Outro jogo muito esperado em 2020, ou melhor, nos últimos anos foi Cyberpunk 2077 da CD Projekt Red, empresa que alcançou destaque mundial com a franquia The Witcher. Lançado em 10 de dezembro, o game enfrentou momentos difíceis em seu lançamento, mais precisamente, nas suas versões para PlayStation 4 e Xbox One.
Dá uma olhada no review de Cyberpunk 2077:
O próprio período de criação do jogo, que teve seu lançamento adiado mais de uma vez, foi marcado pela polêmica do crunch, uma expressão que, resumidamente, se refere a desenvolvedores que precisam fazer longas e exaustivas horas extras para terminar um projeto, sem o devido descanso e/ou remuneração compatíveis. Mesmo com o trabalho extra, percebe-se claramente que, principalmente, as versões para PS4 e Xbox One chegaram bem aquém do esperado.
Para efeitos comparativos, o review do game no Tecnoblog foi feito num PC e boa parte dos problemas de performance e alguns bugs mais graves foram corrigidos com patches tanto da CD Projekt quanto da Nvidia, ao longo da análise. Inclusive, a versão para computadores é a mais estável, dentro do possível e até o momento, de todas as plataformas das quais Cyberpunk 2077 é compatível.
A CD Projekt Red foi a público pedir desculpas aos jogadores pelos problemas no lançamento do título nos consoles e por não ter mostrado as versões de PS4 e Xbox One, antes do lançamento, aos jogadores. Mesmo assim, o game foi retirado pela Sony da PS Store, que afirmou que irá reembolsar os jogadores que assim desejarem. A CDPR, por sua vez, promete liberar patches ao longo dos meses para tentar contornar a situação e, óbvio, tentar restaurar sua imagem diante dos fãs.
Particularmente, espero que esses problemas sejam resolvidos o quanto antes, pois é uma pena que nem todos tenham a mesma experiência. Cyberpunk 2077, ao menos no que percebi testando no PC, é um jogo bem bonito e cheio de detalhes e atividades. O game traz um ótimo trabalho de localização e dublagem para português do Brasil, conta com uma história interessante e alguns NPCs cativantes. Por mais que não seja um “divisor de águas” em qualidade técnica e de narrativa, como muitos esperavam, vale a pena jogar.
A indústria dos games, felizmente, não é regida apenas pelos jogos AAA (ou blockbusters). Ao longo dos anos, vários títulos independentes têm recebido tanto destaque e, às vezes, até mais que jogos produzidos em grandes estúdios. A própria premiação do The Game Awards de 2020 trouxe o game estilo roguelike Hades, da Supergiant Games, como um dos finalistas ao Jogo do Ano.
Além de Hades, que recebeu os prêmios de melhor jogo indie e melhor jogo de ação (desbancando até mesmo Doom Eternal) pelo TGA 2020, o game de plataforma e aventura Ori and the Will of the Wisps, do Moon Studios, também participou da premiação com as grandes produções e, apesar de não ter ganhado nenhum prêmio (o que achei uma injustiça), merece ser jogado. O título conseguiu reinventar o próprio gameplay e entrega um lindo visual, trilha sonora imersiva e personagens inesquecíveis.
É claro que também não podem faltar os dois jogos indies que, talvez, foram as maiores surpresas de 2020: Fall Guys e Among Us.
Fall Guys, da Mediatonic, se tornou uma febre no início deste ano por trazer uma versão diferenciada e mais fofinha para os já amplamente explorados jogos estilo Battle Royale. Os tiros e explosões deram lugar às corridas de obstáculos e/ou trabalho em equipe (ao menos deveria ser) entre personagens que se parecem jujubinhas com fantasias.
O jogo rapidamente se tornou um hit, até mesmo pelo seu visual e gameplay sem violência gráfica – o que atraiu, inclusive, jogadores mais jovens.
É claro que todo grande sucesso também atrai muito mais problemas, e Fall Guys sofreu com trapaceiros e hacks e até jogadores “sem noção” que acharam divertido colocar ofensas e mensagens impróprias nos nicks dos próprios personagens. Isso fez com que os desenvolvedores tirassem a possibilidade de escolher o próprio apelido. Infelizmente, às vezes não podemos ter coisas legais por infantilidade dos outros.
Among Us, do estúdio InnerSloth, é um jogo multiplayer, nascido para smartphones, que também se tornou um grande sucesso nos PCs. Recentemente, ele ganhou uma versão para Nintendo Switch. No game, de visual simples, a tripulação de uma nave espacial precisa realizar tarefas diversas para manter tudo funcionando. O que também devem fazer é encontrar um impostor, entre eles, que tem a missão de sabotar tudo e assassiná-los.
Assim como Hades, Among Us também foi premiado no TGA 2020. O jogo levou os prêmios melhor jogo mobile e melhor jogo multiplayer, vencendo outro indie e também favorito para a categoria: Fall Guys.
Este ano foi bem complicado em diversos aspectos devido à pandemia, mas observando apenas o mercado de games e, especialmente devido ao isolamento social, as pessoas estiveram ainda mais em contato com jogos eletrônicos – até mesmo como uma forma de interagir uns com os outros.
Não é à toa que games com uma pegada multiplayer como Fall Guys, Among Us e Animal Crossing: New Horizons foram os verdadeiros destaques de popularidade em 2020. A chegada dos novos consoles também movimentou o hype no fim do ano e até mais do que as empresas planejaram, com estoques de PS5 e Xbox Series X/S esgotados.
De uma forma geral, os jogos ajudaram a conectar mais as pessoas e serviram, de certa forma, como válvula de escape para enfrentar este momento difícil mundialmente. Os estúdios de jogos também precisaram reinventar suas rotinas de trabalho e, salvo exceções, continuaram a entregar um bom produto final.
Agora é investir os pontos de XP, adquiridos em 2020, na sua skill tree e se preparar para as quests de 2021.
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