Para quem tem medo do OLED, a TV 4K mais completa da LG no Brasil na nova geração é a Nano90. Ela só chegou ao país em tamanhos gigantes, de 75 e 86 polegadas, trazendo recursos exclusivos dentro da linha de televisores de cristal líquido da marca, como escurecimento local completo por zonas e iluminação Direct LED, para oferecer pretos mais profundos para um público mais exigente.
Com preços de lançamento entre R$ 15 mil e R$ 27 mil, a Nano90 é uma representante da LG no segmento premium e está longe de ser barata, mas pode ser uma oportunidade para colocar uma telona maior dentro de casa gastando menos dinheiro que em um modelo OLED. Será que vale a pena? Eu testei a Nano90 nas últimas semanas e conto minhas impressões neste review.
O Tecnoblog é um veículo jornalístico independente de tecnologia que ajuda as pessoas a tomarem sua próxima decisão de compra desde 2005. Nossas análises de produtos são opinativas e não possuem nenhuma intenção publicitária. Por isso, sempre destacamos de forma transparente os pontos positivos e negativos de cada produto.
Nenhuma empresa, fabricante ou loja pagou ao Tecnoblog para produzir este conteúdo. Nossos reviews não são revisados nem aprovados por agentes externos. A Nano90 foi fornecida pela LG por doação. O produto será usado em conteúdos futuros e não será devolvido à empresa.
A menor Nano90 disponível no Brasil foi a maior TV que eu já testei no Tecnoblog. Este também é o primeiro review de televisor que precisei filmar com uma câmera ultrawide. E o design é condizente com o peso de 35 kg da versão de 75 polegadas, com dois pés de metal em formato de “V” invertido, nas extremidades da tela, que deixam o equipamento firme sobre um móvel. Se você tiver pessoas bem fortes e cuidadosas para ajudar, é possível instalar a Nano90 em um grande suporte de parede.
O visual da Nano90 é discreto, com uma borda fina em volta da tela, uma inscrição LG NanoCell escondida no canto inferior direito e uma traseira de metal sem nenhuma textura ou invencionice. O vão entre os dois pés de apoio é grande o suficiente até para instalar alguns modelos de soundbar: uma LG SK9Y, por exemplo, que tem a largura de uma TV de 55 polegadas e pouco menos de 6 centímetros de altura, cabe perfeitamente ali embaixo.
As conexões ficam concentradas na lateral esquerda e incluem três portas USB, uma entrada Ethernet, uma saída de áudio óptica e quatro entradas HDMI, sendo metade na versão 2.0 e outra metade na 2.1, preparadas para a nova geração de consoles, com jogos em 4K a 120 Hz. A LG não incluiu quatro portas HDMI 2.1 como nas TVs OLED, mas ganha pontos em relação à concorrência: a Samsung, mesmo em TVs premium como a Q80T, vem trazendo apenas uma entrada HDMI no novo padrão.
O controle remoto Smart Magic se tornou padrão na nova linha de TVs da LG e também acompanha a Nano90. Ele tem muitos botões, não é tão compacto e exige um treinamento inicial de coordenação motora para navegar pelos elementos da tela com um mouse no ar. Um botão permite abrir rapidamente a Netflix, enquanto o atalho do Amazon Prime Video tem dupla função e também pode acionar a Alexa.
No quesito imagem, a Nano90 é o último degrau da LG antes das TVs OLED. Em 2020, a empresa chegou a lançar os modelos Nano95 e Nano96 no Brasil, que trazem painéis superiores, mas eles entram em outra categoria por serem 8K. Entre as 4K, a Nano90 é a única com full-array local dimming, uma característica que considero indispensável em um modelo premium LCD; a Nano86, imediatamente abaixo, já não conta com o recurso.
Analisar a qualidade de imagem da Nano90 é complexo, porque ela nunca será unanimidade. O “Nano” do Nano90, que chega a ser irônico em uma TV tão grande, está relacionado à tecnologia LG NanoCell, que usa nanopartículas para filtrar as cores, em um processo similar aos modelos QLED. Mas a diferença em relação às rivais é o uso de um painel IPS, para oferecer maior ângulo de visão, em contraste com a Samsung e a TCL, que tendem a preferir telas do tipo VA.
Particularmente, eu não gosto tanto das telas IPS devido ao menor contraste e à maior possibilidade de inconsistência no preto, o que realmente é notável na Nano90. O modelo premium da LG tem boa qualidade de imagem e é superior às TVs mais simples da marca, como a UN8000, mas a inferioridade em relação à Samsung Q80T, principal concorrente na faixa de preço, é perceptível nesses pontos.
A Nano90 tem brilho satisfatório, mas luta um pouco mais que as rivais para dar conta de ambientes muito iluminados, com luz natural incidindo no painel. Nesse caso, o que joga contra o modelo da LG é que o contraste não é tão bom, com um branco ok e um preto meio acinzentado. Isso também prejudica a exibição de conteúdos em HDR, que não têm tanto vigor no alcance dinâmico mesmo com filmes e séries em Dolby Vision.
O full-array local dimming me agradou e ficou dentro das expectativas. Nas configurações padrão, a LG se dá bem por não ser agressiva demais, seja tentando oferecer um preto profundo a todo custo e escondendo objetos, ou então criando nuvens duras ao redor de áreas de muito contraste, como acontece em diversos modelos premium da Samsung. Eu consigo perceber rastros em transições de zonas, indicando que elas poderiam ser mais rápidas, mas isso não chega a ser ruim em conteúdos reais.
O ângulo de visão, como se espera de uma tela IPS, é muito bom, não apresentando variações significativas de cores ou brilho mesmo sentando a 45 graus, o que é uma ótima notícia para quem tem salas de estar mais largas. Para quem joga, o input lag fica sempre abaixo dos 15 milissegundos, o que é uma excelente marca e complementa o ponto forte das duas portas HDMI 2.1, prontinhas para receber um Xbox Series X em uma e um PlayStation 5 na outra. Ou pelo menos sonhar com isso.
O som que sai dos alto-falantes integrados da Nano90 é bom por atingir volumes altos sem distorcer, sendo capaz de preencher ambientes maiores sem muita dificuldade. Assim como na maioria das TVs, os médios são claros e favorecem os diálogos. É claro que você não vai escutar a última gota de definição em um alto-falante integrado de TV, mas muitas pessoas não vão sentir necessidade de uma soundbar.
O que me impressionou foram os graves. De novo, não estamos falando de algo no nível de um sistema dedicado com subwoofer, mas de um som integrado. E a Nano90 consegue botar a pontinha do pé em frequências mais baixas, começando a gerar aquela sensação boa das batidas dos sub-graves. A LG tem feito um bom trabalho nos alto-falantes nas TVs premium, como na OLED CX, e não deixou sua melhor NanoCell 4K para trás.
Por dentro, a Nano90 roda o sistema operacional webOS 5.2, que se destaca pelas telas coloridas cheias de animações para ressaltar a fluidez da interface e pela excelente oferta de aplicativos. Na loja de conteúdo da LG, é possível encontrar Netflix, Amazon Prime Video, Disney+, YouTube, Apple TV+, Spotify, Google Play Filmes, Vivo Play, Globoplay, Canais Globo, Telecine Play, Plex, HBO Go e mais.
O assistente pessoal padrão é o Google Assistente, que responde rápido, mas precisa ser acionado manualmente pelo botão de microfone, já que o recurso hands-free ficou restrito aos modelos ultracaros da LG nesta geração. O atalho para o Amazon Prime Video no controle remoto pode se transformar em um botão para a Alexa com um pressionamento longo.
Assim como em outras TVs de 2020 da LG, você tem acesso ao Painel de Controle, que permite comandar dispositivos de casa inteligente compatíveis. Também dá para ativar o recurso Compartilhamento de Som, que transforma os alto-falantes da Nano90 em uma espécie de caixona de som Bluetooth; e espelhar conteúdos do smartphone com Miracast ou Apple AirPlay.
A LG oferece um pacote muito completo na Nano90, com portas HDMI 2.1, alto-falantes integrados de boa qualidade, sistema operacional com excelente oferta de aplicativos e tecnologias que convencem, como Dolby Vision e painel de 120 Hz. Mas eu gostaria de ter visto uma ousadia maior da LG nesse modelo, já que estamos falando da melhor TV LCD 4K da marca em 2020, atrás somente dos modelos OLED.
A imagem é boa para quem tem medo de OLED, mas não é a melhor que você poderia obter com um painel LCD. Na mesma faixa de preço, a concorrente da Nano90 é a Samsung Q80T, disponível até o tamanho de 75 polegadas. A conterrânea QLED escorrega em alguns pontos, como na falta do Dolby Vision e na economia nas conexões, mas entrega um brilho mais forte e, depois de alguns ajustes, um contraste notavelmente superior, com pretos mais profundos que a LG.
Eu não consigo mais enxergar uma vantagem tão grande no ótimo ângulo de visão do IPS da LG porque a Samsung e a Sony já estão conseguindo lidar bem com essa limitação em suas telas VA. Então, o único ponto em que vejo a Nano90 se sobressaindo é no custo-benefício em tamanhos gigantes: esse é um dos poucos modelos premium do mercado brasileiro que podem ser comprados em uma versão de 86 polegadas.
A Nano90 de 86 polegadas pode ser encontrada no Brasil por cerca de R$ 25 mil no varejo no momento da publicação deste review. É obviamente um valor alto, mas já é mais baixo que a LG CX de 77 polegadas, que tem qualidade de imagem superior, porém tamanho menor. Se o que você procura é polegada, a Nano90 pode ser uma opção de compra interessante para ambientes grandes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário