quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Processo acusa Google de acessar mensagens do WhatsApp | Internet | Tecnoblog

O Google está sendo processado no Texas por dez estados americanos e acusado de conspirar com o Facebook para violar leis antitruste e reforçar seu domínio no mercado de anúncios online. A ação judicial também alega, sem expor provas, que a empresa acessou mensagens do WhatsApp sem que os usuários soubessem.

WhatsApp no Android (Imagem: Mika Baumeister/Unsplash)

“Como revelam documentos internos, o Google procurou eliminar a concorrência e fez isso por meio de uma série de táticas de exclusão, incluindo um acordo ilegal com o Facebook, sua maior ameaça competitiva em potencial”, diz o processo.

O WhatsApp é mencionado em apenas um trecho em todas as 130 páginas da ação judicial. Nele, alega-se que o Facebook fechou um acordo de exclusividade com o Google para fornecer dados do app de mensagens, incluindo texto, fotos, vídeos e áudios.

A criptografia de ponta a ponta adotada pelo WhatsApp impede que até mesmo o aplicativo tenha acesso às mensagens, pois elas precisam ser decodificadas com uma chave pública e uma chave privada.

No entanto, como lembra o analista de segurança Alex Stamos — que já trabalhou no Facebook — as mensagens do WhatsApp poderiam ser acessadas através do backup realizado no Google Drive.

Google Drive e Fotos no Android (Imagem: Tecnoblog)

Como avisa o próprio FAQ do aplicativo, “os arquivos de mídia e as mensagens salvos no backup não estarão protegidos com a criptografia de ponta a ponta do WhatsApp enquanto estiverem no Google Drive”. O mesmo vale para a versão do iPhone, cujo backup fica no Apple iCloud.

Isso não significa necessariamente que o Google esteja bisbilhotando suas mensagens. Comentando sobre os backups, Stamos afirma: “há preocupações legítimas sobre como isso é usado, mas esse processo não parece ter uma interpretação correta”.

Segundo o WABetaInfo, o WhatsApp prepara a opção de colocar uma senha no backup do Google Drive e do iCloud.

O processo foi apresentado pelo procurador-geral do Texas, Ken Paxton, que está sendo investigado pelo FBI por suborno. Ele também liderou uma iniciativa, rejeitada pela Suprema Corte dos EUA, para anular os resultados da eleição presidencial de 2020 em quatro estados onde Joe Biden ganhou contra Donald Trump.

Em comunicado à Reuters, o Google afirma que esta ação “não tem mérito” e que vai se defender na Justiça. A empresa não comenta especificamente sobre o WhatsApp porque isso se refere a um processo legal em andamento, segundo o The Verge, mas aponta para uma declaração recente do CEO Sundar Pichai.

“Nós não vendemos suas informações para ninguém e não as usamos para fins publicitários em aplicativos nos quais você armazena principalmente conteúdo pessoal, como Gmail, Drive, Agenda e Fotos”, escreveu Pichai em junho.

WhatsApp Beta (Imagem: Bruno Gall De Blasi/Tecnoblog)

O trecho do processo judicial envolvendo o WhatsApp segue abaixo. As partes com reticências (…) estão censuradas no documento divulgado ao público (PDF).

O Google também violou a privacidade dos usuários de outras maneiras flagrantes, quando isso foi conveniente para a empresa. Por exemplo, logo depois de adquirir o WhatsApp em 2015, o Facebook assinou um acordo de exclusividade com o Google, concedendo-lhe acesso a milhões de mensagens, fotos, vídeos e arquivos de áudio criptografados de ponta a ponta dos americanos.

Conforme o Google discutiu internamente, o WhatsApp… Eles não sabiam que o Google… Conforme revelam documentos internos, com a assinatura do acordo, Facebook e Google começaram…, sem informar aos usuários.

Em vez de se preocupar com essa violação fundamental de privacidade, o Google internamente estava… Em um documento interno sobre o acordo, o Google discutiu… Em outras palavras, o Google está mais preocupado com a publicidade negativa do que com a privacidade dos usuários.

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