Na semana passada, surgiram rumores de que o Google criaria regras mais rígidas para evitar que desenvolvedores se desvencilhassem da taxa de 30% sobre compras feitas em aplicativos distribuídos via Play Store (compras in-app). Os rumores eram verdadeiros: nesta segunda-feira (28), a companhia anunciou mudanças para impedir que a cobrança seja burlada.
As tais mudanças não correspondem a nenhuma regra realmente nova, mas à efetiva aplicação das diretrizes que já existem. Basicamente, elas determinam que conteúdo comprado dentro de aplicativos ou jogos distribuídos via Play Store deve ser processado por meio do sistema de cobrança da plataforma que, com efeito, fica com 30% do valor obtido.
Apesar de a taxa ser uma condição antiga, vários serviços, como Spotify e Netflix, vinham utilizando mecanismos de cobrança à parte. Com a atualização de hoje, as regras ficaram mais claras para fechar as brechas que permitiam a serviços diversos se encaixarem indevidamente nas exceções que dispensam a cobrança.
Essas exceções se resumem à compra de produtos físicos ou de conteúdo que pode ser reproduzido fora do aplicativo (como músicas para download que não dependem de um único player).
De acordo com o Google, menos de 3% dos desenvolvedores serão afetados pela mudança, afinal, a maior parte deles já utiliza o sistema de cobranças da Google Play Store. Os 3% não precisarão correr para fazer as mudanças necessárias, no entanto: a companhia estabeleceu um prazo de um ano (até 30 de setembro de 2021) para que as adaptações sejam aplicadas.
Por outro lado, aplicativos novos enviados à Google Play Store após 20 de janeiro de 2021 deverão estar totalmente adaptados.
O assunto é polêmico. Muitos desenvolvedores consideram a taxa de 30% sobre compras in-app uma proporção muito alta. A App Store, que também cobra uma taxa de 30%, vem até sendo alvo de uma coalizão formada por empresas como Spotify, Epic Games, Deezer e Tile que questiona a cobrança.
Talvez prevendo reações negativas, o Google tratou de explicar nas entrelinhas que o Android suporta várias lojas de aplicativos, logo, os desenvolvedores que não estiverem satisfeitos com as condições da Play Store têm a opção de distribuir seus apps por outros meios.
A companhia dá como exemplo o jogo Fortnite, que não pode ser encontrado na Play Store, mas está disponível na plataforma da própria Epic Games e em lojas como Samsung Galaxy Store. Não é um exemplo qualquer: a Epic é uma das empresas que mais têm resistido à taxa de 30%.
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