A Samsung lança tantos celulares a cada ano que ela pode se dar ao luxo de explorar — ou inventar — diversas categorias, como a de smartphone “quase topo de linha”. É o caso do Galaxy S10 Lite, modelo com chip Snapdragon 855 que chegou ao Brasil em fevereiro de 2020 custando R$ 3.999 (na época deste review, o preço sugerido estava em R$ 3.199).
O aparelho traz ainda tela Super AMOLED de 6,7 polegadas, 6 GB de RAM, câmera tripla na traseira — com a principal ostentando um sensor de 48 megapixels — e bateria de 4.500 mAh com recarga que promete ser bem rápida.
Com essa ficha técnica, dá para imaginar que o Galaxy S10 Lite se comporta muito bem na rotina diária. Será? Eu testei o modelo por duas semanas para tirar a prova e, claro, descobrir se essa proposta de “quase lá” vale a pena.
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Nenhuma empresa, fabricante ou loja pagou ao Tecnoblog para produzir este conteúdo. Nossos reviews não são revisados nem aprovados por agentes externos. O Galaxy S10 Lite foi fornecido pela Samsung por empréstimo. O produto foi devolvido à empresa após os testes.
É curioso a Samsung ter batizado este aparelho como Galaxy S10 Lite. No design, ele não lembra em nada os demais modelos da linha. Enquanto o trio Galaxy S10, S10+ e S10e traz câmeras traseiras em um “semáforo” horizontal, o S10 Lite abriga os sensores em uma “peça de Lego” alinhada à esquerda, a exemplo de outros modelos atuais da linha.
Dá para notar diferenças no acabamento também. A traseira não tem vidro ou superfície metálica, mas um plástico brilhante. Felizmente, a moldura é de um metal que consegue transmitir aquela sensação de robustez que a gente espera de um celular premium.
Mas é importante que você saiba de uma coisa: os demais modelos S10 têm certificado IP68 para proteção contra água e poeira; a versão Lite, não. Uma pena.
A disposição dos botões também é diferente. Enquanto os controles de volume ficam na lateral esquerda dos demais modelos da linha S10, na versão Lite, eles foram posicionados à direita, junto com o botão liga / desliga, seguindo o padrão que a gente encontra na família Galaxy A, por exemplo. Ah, o S10 Lite não tem botão físico para a assistente Bixby.
Eu ficaria feliz em encontrar um smartphone com hardware potente e conexão para fones de ouvido, mas não é o caso aqui. Na parte inferior, o Galaxy S10 Lite reúne apenas a porta USB-C e a saída de áudio que, aliás, é só ok: o volume máximo é alto e distorce pouco, mas falta aquela clareza que permite a que gente note facilmente cada instrumento na música.
Pelo menos o aparelho vem com fones USB-C.
O Galaxy S10 Lite tem um painel Super AMOLED de 6,7 polegadas que é de encher os olhos. A tela ocupa quase todo o espaço frontal — sobra só um “queixinho” ali embaixo —, tem proporção 20:9, vem com um discreto notch Infinity-O centralizado e é compatível com HDR10+.
Essas características tornam leitura, reprodução de vídeos em tela cheia e execução de jogos tarefas muito agradáveis no aparelho. Essa experiência é complementada pelos atributos típicos dos painéis Super AMOLED: cores com vivacidade, ótima visualização sob ângulos variados e brilho máximo intenso.
Só tem um detalhe: a tela é full HD+ (2400×1080 pixels). Qual o problema disso? Nenhum. Essa resolução é ótima para um display de 6,7 polegadas. Mas eu não posso deixar de destacar que, nos Galaxys S10 e S10+, a resolução é muito maior: 3040×1440 pixels.
Mais uma coisa: em vez de sensor ultrassônico, como no Galaxy s10+, a versão Lite tem leitor de impressões digitais óptico (convencional) integrado à tela. Mas, sinceramente, isso não faz muita diferença. O mais importante é que esse componente é quase sempre rápido e faz leitura corretamente na grande maioria das tentativas — se ele falhou comigo três vezes, foi muito.
Como esperado, o S10 Lite vem com o Android 10 e a interface One UI, atualmente na versão 2.1. Essa combinação entrega praticamente a mesma experiência que a gente encontra em outros celulares atuais da família Galaxy.
Samsung Pay, Samsung Health e Bixby, por exemplo, estão por aqui. A assistente não tem botão físico dedicado, como você já sabe, mas pode ser acionada se você pressionar o liga / desliga por alguns instantes ou por comandos de voz como “hi, Bixby” e “oi, Bixby” . Sim, ela fala português.
Merece menção a Tela Edge, uma discreta alça à direita da interface que, quando expandida com um arrastar de dedos, dá acesso rápido a aplicativos favoritos. Ela também pode exibir contatos, widget de clima, lembretes, entre outros. Esse recurso não é novo, mas é bom ver que a Samsung está ampliando a sua disponibilização.
De modo geral, esse é um bom software. A interface tem um visual que a gente já cansou de ver, mas que não deixa de ser bonito, é bem organizada e é acompanhada de uma série de recursos úteis. Pasta Segura, Modo de Foco, Always On Display e Dual Messenger são outros exemplos de funcionalidades que estão presentes por aqui.
Mas algumas pessoas podem sentir falta de um complemento que marca os aparelhos atuais da família Galaxy S: o S10 Lite não vem com o DeX, recurso que “transforma” o celular em PC.
O trio de câmeras na traseira é liderado por um sensor de 48 megapixels que não decepciona, pelo menos quando as condições de iluminação ajudam. Nessas circunstâncias, as fotos apresentam bom nível de detalhamento, mesmo em áreas de sombras, pouquíssimo ruído e controle de saturação que proporciona coloração vívida, mas sem exageros.
Para quem gosta de cores um pouco mais fortes, a câmera secundária, com seus 12 megapixels, pode agradar mais. A saturação é mais intensa aqui. Em contrapartida, a imagem fica um pouco mais escura e o nível de detalhamento cai, embora continue em um patamar aceitável. O que mais importa é que essa é uma câmera grande angular de 123 graus que, como tal, cobre uma área maior. Note que a sua lente não gera distorção muito pronunciada nas bordas da imagem.
Só é bom não ter grandes expectativas com fotos noturnas. Com luz baixa, o Galaxy S10 Lite até se esforça para remover ruídos sem afetar a nitidez, mas é apenas ok nesse trabalho.
Temos ainda uma câmera de 5 megapixels para macro. É um “bônus” interessante, mas, aqui, os ruídos aparecem com mais vontade e é relativamente fácil fazer registros desfocados, principalmente em ambientes com luz reduzida. Prepare-se para tentar duas ou três vezes até conseguir uma foto macro decente.
Por fim, temos a câmera frontal de 32 megapixels. Gostei dela. Ela consegue fazer selfies com cores realistas, bom controle de ruído e pós-processamento que não prejudica a definição, mesmo em ambientes fechados.
O desfoque de fundo é um recurso presente, mas feito totalmente por software. Uma ou outra falha de focagem pode acontecer, consequentemente, mas esse não chega a ser um problema grave.
O Snapdragon 855 cedeu o posto de topo de linha da Qualcomm para o Snapdragon 865, mas continua sendo um chip bastante poderoso. Prova disso é que, acompanhado com 6 GB de RAM, ele faz o desempenho do Galaxy S10 Lite ser notável.
Demora para abrir aplicativos? Engasgadas em multitarefa? Fechamentos inesperados? Nada disso aconteceu durante os testes. Em jogos como Breakneck e Asphalt 9: Legends com gráficos no máximo, se houve queda na taxa de frames, eu não percebi — o Snapdragon 855 tem GPU Adreno 640, só para constar.
Da bateria, nada a reclamar. Ela tem 4.500 mAh (é superior à bateria do Galaxy S10+, veja só) e pode ficar até dois dias longe da tomada com relativa facilidade.
Os testes de autonomia foram feitos com duas horas de Netflix com brilho máximo na tela, meia hora de YouTube, uma hora de redes sociais e navegador, aproximadamente 40 minutos somados de Breakneck e Asphalt 9: Legends, uma hora de Spotify via alto-falante e uma chamada de 10 minutos.
Como sempre faço, comecei os testes pela manhã e os executei no decorrer de um dia. Por volta das 22:00, o smartphone ainda tinha cerca de 60% de carga.
Tem mais: a recarga com o carregador que acompanha o aparelho é bem rápida. O S10 Lite precisou de apenas 1h10min para fazer a carga ir de 10% para 100%. Bom, né? Só é uma pena ele não suportar recarga sem fio.
Na época de publicação deste review, o Galaxy S10 Lite custava R$ 3.199 no site da Samsung, mas era possível encontrá-lo com preços na casa dos R$ 2.500 no varejo. Se eu estivesse atrás de um celular potente, mas com boa relação custo-benefício, compraria ele sem medo.
O dispositivo manda bem no desempenho. A bateria faz bonito na autonomia e ainda tem recarga bem rápida. A tela não tem a mesma resolução que a gente encontra nos modelos S10 superiores, mas mantém a qualidade típica dos painéis Super AMOLED. As câmeras não são as melhores que já encontrei em um smartphone, mas é possível fazer registros muito bons com elas.
Por esse conjunto de atributos, R$ 2.500 é um preço interessante, ainda mais se considerarmos a atual desvalorização do real. Mas isso se você realmente conseguir encontrar o Galaxy s10 Lite nessa faixa de preço. Se for para desembolsar algo perto de R$ 3.000, é melhor partir para o Galaxy S10 “normal” ou o Galaxy S10+.
Neste ponto, preciso deixar claro uma coisa: de Galaxy S10, o S10 Lite só tem o nome. É visível que este é um projeto diferente. A impressão que eu tenho é a de que a Samsung precisava lançar um smartphone que estivesse acima da categoria intermediária premium, mas não tinha onde posicioná-lo.
Por conta do design, talvez fosse o caso de colocá-lo na família Galaxy S20, mas essa linha surgiu depois. Diante disso, a Samsung deve ter ficado com apenas duas opções, preferindo a primeira: encaixar o modelo na família S10 ou criar uma linha nova.
Então, esteja ciente de que, ao comprar o Galaxy S10 Lite, você estará levando um ótimo smartphone. Ótimo mesmo. Mas ele não é um S10 “de verdade”.
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