A MediaTek acaba de chegar ao segundo lugar na lista das empresas de capital aberto com maior valor de mercado em Taiwan, ultrapassando a poderosa Foxconn e ficando atrás somente da TSMC, empresa de processadores que fabrica para… todo mundo. E um dos principais motivos do crescimento expressivo da MediaTek é um tanto curioso: as sanções dos Estados Unidos contra a Huawei.
Como sabemos, a Huawei enfrenta fortes restrições comerciais impostas pelos Estados Unidos desde o ano passado. Ela não pode fazer negócios com empresas americanas, o que a impede de incluir a Google Play Store em seus celulares Android, por exemplo. Os americanos também fazem pressão para que países aliados não utilizem equipamentos da Huawei em redes 5G.
A situação piorou em maio deste ano. O braço de semicondutores da Huawei, a HiSilicon, é o que chamamos de fabless: ela desenvolve, mas não fabrica os próprios chips — esse processo era feito pela TSMC. A administração Trump determinou que a TSMC não poderia mais fabricar chips para a Huawei, sua maior cliente, porque esse processo depende do uso de tecnologias americanas.
Em resumo, a Huawei não pode usar chips da Huawei em equipamentos da Huawei, por mais estranho que isso possa parecer. E mesmo as fabricantes chinesas de semicondutores, como a SMIC, dependem de tecnologias americanas, por isso não podem fornecer chips à Huawei. Mas por que diabos estamos no quarto parágrafo de um texto sem termos a explicação sobre o crescimento da MediaTek?
Bom, o detalhe é o seguinte: pela interpretação das regras dos Estados Unidos, a TSMC não pode vender para a Huawei, mas pode vender para alguma empresa que, por sua vez, pode vender para a Huawei.
Ou seja, isto não pode:
Mas isto pode:
“Alguma empresa” é a MediaTek, que já era fornecedora da Huawei e já projetava chips 5G tanto para smartphones quanto para equipamentos de infraestrutura de rede móvel. A Bloomberg revela que o valor de mercado da MediaTek ultrapassou US$ 40 bilhões (o equivalente a R$ 214 bilhões) e que os analistas esperam um aumento de 14% no faturamento da companhia em 2020 e 29% em 2021.
E o bom momento da MediaTek pode ser duradouro: as operadoras chinesas estão avançando no 5G, e as fabricantes de celulares obviamente precisam de fornecedores de modens 5G. A Huawei está impedida de fabricar chips, enquanto a outra grande concorrente no segmento é a Qualcomm, que é uma empresa americana e está no meio de toda essa guerra. Sabe quem pode acabar vendendo mais? Pois é, a MediaTek.
Que coisa, né?
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