De uns tempos pra cá o mundo de notebooks gamer vem crescendo e as opções de compra vão na mesma passada, oferecendo desde marcas conhecidas em outros segmentos, como é o caso da Samsung, indo para outras já estabelecidas como a Razer ou Alienware. Do lado das novatas temos a XPG, que é uma divisão da Adata e você já deve ter lido esse nome em alguma memória, SSD e afins.
Bem, ela resolveu criar o XPG Xenia, que tem nome complicado de ser falado em praticamente qualquer idioma, mas que tem certeza que desempenho forte e beleza podem andar juntos. O notebook entrega uma GPU Nvidia GeForce RTX 2070 com 8 GB só para ela, processador Intel Core i7 de nona geração, SSD bem veloz, teclado mecânico e um sistema de ventilação curioso, além de eficiente. Será que tudo isso bate bem com os games e, principalmente, vale a pena?
Eu passei as últimas semanas jogando bastante (e trabalhando também né) com ele e te conto minha experiência nos próximos parágrafos.
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Nenhuma empresa, fabricante ou loja pagou ao Tecnoblog pra produzir esse conteúdo. Nossos reviews não são revisados nem aprovados por agentes externos. O XPG Xenia foi fornecido pela XPG por empréstimo e o produto será devolvido à empresa após os testes.
Se eu escuto notebook e gamer na mesma frase, fico imaginando aquela árvore de natal, cores gritantes e ângulos retos que abrem mão de beleza para o cotidiano que vai além da jogatina. Esse não é o cenário do Xenia, que vem com corpo feito em liga de magnésio na cor preta, é fosco e tem toque áspero. As linhas sim são retas e em um visual que me lembra muito um ThinkPad – ou até um Razer Blade.
O único detalhe que deixa claro o público deste notebook fica em uma faixa iluminada que está na frente da parte inferior. Os LEDs daqui podem ser configurados em outras cores, ou mesmo desligar tudo. O teclado é mecânico, mas dos mais silenciosos e tem sim um LED para cada tecla, que pode ficar no modo árvore de natal ou então apenas em teclas iluminadas pra digitar na noite, antes do corujão. Nossa, revelei a idade.
Enfim, a iluminação é bacana, mas do outro lado fica a cor da letra na tecla que é transparente. É ótimo paraa luz passar sem obstáculos, mas se você resolver abrir o notebook no escuro e não iluminar o teclado, não vai identificar nenhuma das teclas. Fica tudo preto.
Isso não é bem um ponto negativo, já que o propósito do notebook é para deixar a luz piscando. Então ok, é só não desligar a iluminação em momento algum. Falando ainda do teclado, parte da área onde o ar é puxado para resfriar os componentes é nele e isso me surpreendeu.
Duas ventoinhas fazem o ar entrar no entorno das teclas W, A, S e D, além das setas no outro lado. É justamente onde os dedos do jogador vão ficar e por conta do ar entrar por estes espaços, entre as teclas, mesmo com a GPU batendo em 80 graus, os dedos não esquentam, nunca. Parabéns, eu adorei essa técnica.
Em portas, tudo fica espalhado. São duas USB-A 3.1 e leitor de cartões SD de um lado, com uma USB-A 3.2 e entrada pra fone de ouvido e microfone do outro.
Na traseira ficam as entradas de energia do grande carregador de 230 watts, uma HDMI, uma porta de rede e uma entrada Thunderbolt 3.
Aberto, o touchpad é grande e de vidro, enquanto a câmera frontal, que fica espremida no topo, tem resolução de 720p e infravermelho para o Windows Hello funcionar numa boa.
Já que o notebook abriu, a tela é um show a parte. O painel é um LCD IPS de 15,6 polegadas, com taxa de atualização de 144 Hz em resolução Full HD. O tempo de resposta é de 3,8 ms e a cobertura de cores é de 99% do sRGB. Pode não ser o melhor pra trabalhar com cores, mas é espetacular pra jogar com fluidez generosa e sem nenhuma aberração cromática perceptível.
É uma pena que o áudio não segue a mesma surpresa positiva. Ele é ruim, muito ruim é top do ruim. Todos os sons saem praticamente sem nenhuma presença de graves e nem de agudos, tudo no médio exagerado e com som que parece o de um rádio de pilha dos anos 80 do seu avô. É horrível, mas como o sistema de resfriamento é extremamente barulhento, chegando em quase 70 decibéis, você certamente vai jogar com fones de ouvido e o problema do som some.
Minha dica é: utilize fones de ouvido sempre, até quando não estiver jogando. Ou então coloque caixas de som externas, qualquer sistema de som do mais barato vai ser melhor do que as caixas de som do XPG Xenia.
Chega de falatório, vamos para os games. Antes de falar em taxas de quadros por segundo, vale listar o que está por dentro, que é uma GPU GeForce RTX 2070 Max-Q com 8 GB só para ela, processador Intel Core i7 9750H com TDP de 45 watts, junto de 32 GB de RAM DDR4 e um SSD XPG SX8200 Pro em NVMe 1.3, que tem 1 TB, está em uma porta PCI express Gen3x4 e alcança velocidades de mais de 3 GB por segundo na leitura e pouco menos do que isso na escrita.
Tudo isso controlado pelo Windows 10 que abre qualquer app ou programa como se fosse um smartphone topo de linha. Clicou, abriu e isso vale até para imediatamente após o boot, que não leva mais do que seis segundos.
Eu rodei todos os games na tela do próprio notebook, na resolução nativa dela, que é 1080p (1920 x 1080 pixels) e com ray tracing ativado em jogos que oferecem este recurso, ok? Então tá.
Começando por títulos leves, coloquei Heroes of the Storm, MOBA simples da Blizzard que conseguiu ficar travado nos 144 fps de limite do próprio display por muito tempo, quando estava com tudo no máximo possível, o que garante que ele subiria este dado sem dificuldades. Quando a taxa caiu, não ficou abaixo de 100 fps não.
Continuando na Blizzard, coloquei Overwatch, que é muito mais famoso e nem por isso ele é pesado demais. A mesma coisa aconteceu, com V-Sync atuando nos 144 fps e que pouco desceram. Tudo estava no épico e a renderização em 100% dos pixels do display.
Seguindo ainda em tiro em primeira pessoa, abri Far Cry 5 com tudo também no máximo e texturas em HD, com 100 fps de média. Um véio de guerra sobe no cavalo em The Witcher 3 que girou entre 70 e 80 fps com tudo no talo. Continuei com Tom Clancy’s Ghost Recon Breakpoint e que conseguiu entre 50 e 70 fps também com tudo no máximo, cenário muito semelhante ao que The Division 2 marcou.
Assassin’s Creed Odyssey chega colocando mais desafio. O game de mundo aberto do mundo grego marcou entre 45 e 50 fps na configuração dos gráficos no máximo, enquanto que baixando para o “muito alta”, que é logo abaixo, as médias ficaram entre 50 e 60 fps. GTA 5 oscilou entre 50 e 80 fps, com densidade demográfica no máximo e gráficos neste patamar também.
Entrando no mundo dos reflexos e luzes em tempo real do ray tracing, coloquei o Warzone de Call of Duty e que marcou entre 80 e 100 fps com todos os efeitos ligados, sem dó. Battlefield 5 nas mesmas configurações marcou entre 40 e 60 fps, com 10 fps extras quando o DLSS era ativado.
Control pega pesado, bem pesado. Foram médias de 30 ou 40 fps sem DLSS e entre 60 e 70 fps com a inteligência artificial para upscalling ativada, sem queda perceptível na qualidade gráfica. Fechando, Shadow of the Tomb Raider ficou com 30 fps ou abaixo no Ultra, com margem pra algo entre 40 e 90 fps com o DLSS habilitado.
Ah, claro, como todo notebook o XPG Xenia vem com bateria. Ela tem seis células e você só consegue ativar todo o poder de processamento da GPU com o portátil na tomada. Dá para usar fora dela? Dá. Colocar algumas abas do Chrome e alguns apps abertos ao mesmo tempo faz a energia sumir do corpo em menos de seis horas, sem ativar o modo de economia de energia do Windows 10.
Foi a autonomia que eu consegui quando passei em reunião no Google Meet por uma hora e meia, escutei uma hora de podcast no app Pocket Casts do Windows 10 e fiquei com ao menos oito abas abertas do Chrome o tempo todo. A máxima de notebook gamer continua aqui: quer jogar? Vai para perto da tomada.
Antes de começar a falar se vale ou não a pena, é necessário lembrar que todo notebook gamer tem preço alto e o XPG Xenia não é exceção não. Com tanto poder de fogo do lado de dentro, junto de foco em beleza que é raro ver em um produto deste e que pode fazer o notebook ficar bonito em uma sala de reuniões, o custo fica lá pra cima. Coloque isso em um detalhe que me chamou atenção, que é o tamanho dele. O Xenia é menor do que o meu Dell G7 com uma GTX 1060, além de ser mais leve também e ter tela com bordas muito mais finas.
Tudo isso tem preço e neste caso é de R$ 22,5 mil, mas que não é tão difícil assim encontrar por valores inferiores. Por enquanto, no momento da publicação deste review, apenas dois varejistas vendem o XPG Xenia e com preços muito diferentes pra exatamente o mesmo modelo, com as mesmas configurações. Ele vai desde o valor que escrevi nas linhas acima, descendo para R$ 15 mil se você pagar no boleto no outro varejo, com R$ 700 de juros para o parcelamento acontecer no cartão.
São poucos os notebooks com RTX 2070 no mercado brasileiro, basicamente existindo apenas a Avell com especificações semelhantes. Neste concorrente, o A65 RTX acaba perdendo no SSD que oferece metade da capacidade e não é tão veloz, além de ter acabamento sem a liga de magnésio, indo para o alumínio e com mais peso.
Outro concorrente está na Dell, com o Alienware Area 51M R2, que pode custar até o dobro se você considerar o valor de R$ 15 mil – sim, a mesma configuração deste Xenia custa R$ 30 mil lá na Dell. Então, sim, o Xenia é caro, mas no mercado dele é a melhor opção que existe. O modelo me agrada bastante, mas ainda assim fico com a sensação de que a qualidade das caixas de som poderia ser muito maior, principalmente por estarem em um computador tão caro.
Não precisa ter aquele cuidado que MacBooks utilizam em som balanceado e com graves presentes, era só colocar uma caixinha de som de smartphone que já resolvia. E olha que caixinha de som de celular topo de linha é bem menor, ocupando menos espaço do que os dois falantes por aqui.
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