Depois de várias semanas de especulação, eis o anúncio oficial: neste domingo (13), a Nvidia confirmou a compra da ARM. O negócio custará US$ 40 bilhões à companhia. Um parte será paga em ações. Outra, em dinheiro. Isso se a transação for aprovada pelos órgãos regulatórios, é claro.
Com sede em Cambridge, Inglaterra, a ARM pertencia ao grupo japonês SoftBank desde 2016. Em julho daquele ano, o conglomerado desembolsou US$ 32 bilhões pelo negócio. O objetivo era não só manter o modelo de licenciamento de arquitetura que é base das operações da ARM, mas também fazer o grupo avançar em áreas como inteligência artificial.
Porém, nos anos seguintes, a SoftBank enfrentou problemas financeiros, em grande parte devido aos investimentos desastrosos direcionados à WeWork. A venda da ARM é uma forma de recuperar o caixa e diminuir a exposição do grupo aos riscos de um negócio tão sofisticado — a SoftBank não tem experiência no segmento de semicondutores.
Ao mesmo tempo, a compra deve fortalecer ainda mais a Nvidia. A empresa já vive um bom momento. Neste ano, ela se tornou a companhia de semicondutores mais valiosa dos Estados Unidos, anunciou a promissora série de placas de vídeo RTX 3000 e fechou seu último trimestre fiscal com lucro de US$ 622 milhões.
O negócio recém-anunciado deve abrir mais portas para a companhia, permitindo que ela ingresse em outros segmentos do setor de semicondutores, por exemplo.
Jensen Huang, CEO da Nvidia, já deixou claro que a aquisição deverá reforçar a participação da companhia em um setor no qual ela já tem força: o de inteligência artificial.
“Nos próximos anos, trilhões de computadores executando inteligência artificial criarão uma internet das coisas milhares de vezes maior do que a internet para pessoas que temos hoje. Nossa combinação [de tecnologias] criará uma empresa fabulosamente posicionada para a era da IA”, disse o executivo.
Como que para tranquilizar o mercado, a Nvidia também tratou de enfatizar que a ARM seguirá com sede em Cambridge. Além disso, está nos planos construir um centro de pesquisa no Reino Unido focado em inteligência artificial. Esse projeto deve culminar principalmente na criação de um supercomputador para IA baseado em tecnologia da ARM.
A empresa explicou ainda que a ARM manterá seu modelo de licenciamento de arquiteturas para empresas em todas as partes do mundo. Os acordos de licenças poderão até ser ampliados com a oferta adicional de tecnologias da própria Nvidia.
Essas afirmações evidenciam que a ARM será mantida como um negócio independente, pelo menos por algum tempo. Essa é, sobretudo, uma questão de cautela: dada a importância das tecnologias da ARM para o mercado — as arquiteturas da companhia estão presentes em celulares, tablets, smartwatches e vários outros dispositivos —, o negócio passará por análises rigorosas de autoridades reguladoras.
Nesse sentido, manter as operações separadas e sinalizar para a manutenção da ARM como negócio independente deve ajudar a Nvidia a obter a aprovação. A compra está sujeita às análises de autoridades dos Estados Unidos, Reino Unido, União Europeia e China. A expectativa é a de que o processo seja concluído em até 18 meses.
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