segunda-feira, 1 de março de 2021

iPhone SE de R$ 3.500 é "humilhação", diz procurador da República | Brasil | Tecnoblog

O novo iPhone SE foi lançado no ano passado com melhorias no hardware e design do iPhone 8. Procuradores da República chamaram o aparelho da Apple de “esmola” e “humilhação” por ser oferecido como celular funcional pelo MPF (Ministério Público Federal) – mesmo que um dos funcionários tenha recebido R$ 69 mil só em janeiro deste ano.

Novo iPhone SE (Imagem: Divulgação / Apple)

A Folha explica que a PGR (Procuradoria Geral da República) tem um contrato com a Claro para fornecer linhas de celular e celulares em regime de comodato – ou seja, que devem ser devolvidos no final do contrato de 30 meses.

A linha é pós-paga e tem custo mensal de R$ 219,90 para os cofres públicos; ela é oferecida para 1.200 procuradores e 650 servidores comissionados. Há também a opção de receber um iPhone SE – que atualmente custa entre R$ 2,5 mil e R$ 3,5 mil – como celular funcional.

O procurador da República Marco Tulio Lustosa Caminha, que trabalha no Piauí, fez duras críticas ao secretário de Tecnologia da Informação e Comunicação da PGR, Darlan Airton Dias, por ter fechado esse contrato.

“Você acha mesmo que depois de mais de três anos com um iPhone 7, já ultrapassado, processador lento, bateria ruim, tela pequena, vamos aceitar por mais outros 30 meses um iPhone SE?? Acho que ninguém aqui é moleque, Darlan!!”, escreveu Carminha no início de fevereiro, em uma rede interna usada por procuradores.

Ele diz que isso é um “insulto” e uma “esmola”, porque 40% de seu trabalho é feito pelo celular. “Estamos há quase um ano trabalhando de casa, celular, notebook, internet, energia… Que bagunça é essa?? Estão querendo nos humilhar??!! Não aceito humilhação, Darlan”, reclama Carminha.

O procurador teve recebimentos de R$ 69 mil em janeiro, segundo a Procuradoria no Piauí – a Folha havia calculado R$ 102 mil – que incluem remuneração básica, 13º salário, um terço de férias e verbas indenizatórias.

Novo iPhone SE (Imagem: Apple)

A procuradora Ana Paula Ribeiro Rodrigues, que atua no Rio, concordou. Ela questiona “O QUE ACONTECEU COM ESSA INSTITUIÇÃO”, para logo concluir que a PGR “morreu, acabou, resta-nos agir como burocratas e ir levando e, quem pode, vai se virando ou cai fora”.

Rodrigues se queixa da atual “situação de penúria, em que a gente fica desesperado atrás de acumulações para poder complementar o salário; isso para os ‘privilegiados’ que conseguem chances de acumular”. Ela recebe gratificações por acumulações de até R$ 7,4 mil por mês, além do salário de R$ 33,6 mil.

Em nota, a PGR defende o contrato que distribui o iPhone SE:

Trata-se de um modelo intermediário, que atende às necessidades a um custo adequado para a administração, possui sistema operacional reconhecidamente mais seguro, há uma cultura de uso na instituição e tem compatibilidade com outro equipamento (iPad) fornecido pelo MPF.

Vale lembrar que todo integrante do MPF tem direito a um tablet – no caso, o iPad – e a um notebook no valor de R$ 4.500.

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Não sei se um dia vou conseguir não me chocar com esse discurso que vem do judiciário. Conheço uma pessoa que trabalha com procuradores e ela me fala a mesma coisa; qualquer mínimo pedido mirabolante não atendido que na cabeça deles é um direito divino receber vem esse papo de “humilhação”.

Queria que eles soubessem de fato o que é trabalho humilhante.

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