Investidores monitoram piora nas estimativas para o avanço da inflação e para o crescimento econômico neste ano e no próximo, conforme Relatório Focus
SÃO PAULO – O mercado de títulos públicos negociados no Tesouro Direto opera com recuo nas taxas na manhã desta terça-feira (16), na volta dos negócios após feriado. Investidores monitoram as revisões para cima nas projeções para a inflação neste ano e no próximo, em conjunto com as perspectivas de crescimento menor da atividade econômica em 2021 e 2022, segundo dados do Relatório Focus.
Mesmo diante de uma piora nas estimativas para a inflação e para o PIB, a mediana das projeções dos economistas para a Selic neste ano e no próximo foi mantida em 9,25% ao ano e 11% ao ano, respectivamente, de acordo com a edição de hoje do Relatório Focus.
Atenção também para a apresentação do Índice de Atividade Econômica do Banco Central, conhecido como IBC-Br, que apresentou queda de 0,27% em setembro, em linha com o esperado pelo mercado.
No Tesouro Direto, na primeira atualização da manhã, o Tesouro Prefixado 2024 oferecia retorno de 11,80% ao ano, levemente abaixo dos 11,82% ao ano vistos na sexta-feira (12). Pelo terceiro dia seguido, o título apresenta retorno menor do que 12% ao ano.
No mesmo horário, a rentabilidade oferecida pelo Tesouro Prefixado 2031 era de 11,53% ao ano – mesmo valor visto na sessão anterior. Com isso, a diferença entre o retorno do título de prazo mais curto (2024) e o de prazo mais longo (2031) chegava a 27 pontos-base durante a manhã, contra 50 pontos-base em dias de maior estresse na semana passada.
Já entre os títulos atrelados à inflação, o retorno real oferecido pelo Tesouro IPCA+ 2035 e 2045 era de 5,15% ao ano, abaixo dos 5,19% registrados na última sexta-feira. Após vários dias sem negociação com a proximidade do pagamento do cupom, que ocorreu no último 12, o Tesouro IPCA+ 2055 com juros semestrais voltou a ser negociado e oferecia juro real de 5,27% ao ano na primeira atualização da manhã.
Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na manhã desta terça-feira (16):
Entre os destaques da agenda econômica estão as projeções apresentadas no Relatório Focus do Banco Central. O mercado financeiro elevou as estimativas para a inflação deste ano pela 32ª semana, desta vez de 9,33% para 9,77%. As expectativas para 2022 também tiveram piora, de 4,63% para alta de 4,79%, na 17ª elevação consecutiva.
As pressões inflacionárias e a piora no cenário fiscal têm pressionado a autoridade monetária a subir os juros mais rapidamente. A expectativa, segundo os economistas consultados pelo BC é de que a Selic encerre o ano a 9,25% e o próximo, a 11% ao ano, sem alterações em relação ao levantamento anterior. Isso implica nova alta de 1,5 ponto percentual na taxa básica de juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em dezembro, a última do ano.
Nesta terça-feira, Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, reconheceu que a inflação acelerou e teve piora quantitativa e qualitativa em todos os aspectos e, por isso, destacou que o trabalho da autoridade monetária é difícil.
“É importante ser realista e entender o quão disseminada está a inflação e será difícil trabalho do BC”, disse ele, ao participar de painel no IX Fórum Jurídico de Lisboa, na capital portuguesa.
Com relação ao desempenho da economia brasileira, o Relatório Focus também mostrou que houve uma piora nas expectativas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2021, de 4,93% para 4,88%, e para 2022, de crescimento de 1% para 0,93%.
Também foram apresentados hoje os dados do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que mostrou que o indicador teve queda de 0,27% em setembro na comparação com agosto, segundo dados dessazonalizados.
A projeção segundo pesquisa Refinitiv era de queda de 0,30% na comparação mensal, ante dado anterior mostrando baixa de 0,15% e que foi revisado nesta terça-feira para recuo de 0,29%.
Com isso, no terceiro trimestre, a atividade econômica medida pelo BC recuou 0,14%. Já no acumulado dos últimos 12 meses, a atividade avançou 4,22%.
Enquanto isso na cena política, investidores acompanham a discussão de medidas com foco na aproximação do ano eleitoral. Durante entrevista em Dubai na segunda-feira (15), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que a folga no teto de gastos a ser criada pela Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios poderá ser usada, também, para reajuste dos servidores federais.
“Dá para atender a população mais carente, dá para atender a questão orçamentária e pensamos até, dado o espaço que está sobrando, em atender até em parte os servidores”, disse Bolsonaro. O reajuste, no entanto, não é bem visto pela equipe econômica, já que poderia gerar um efeito cascata em outras categorias e portanto, impactar ainda mais o cenário fiscal.
O salário dos servidores federais está congelado desde 2019 e concursos públicos estão suspensos, visando conter as despesas públicas este ano.
Outro tema que voltou a gerar certa preocupação entre aliados políticos é a filiação partidária do presidente Jair Bolsonaro. Ontem, Bolsonaro deu um prazo de duas a três semanas para decidir se assina de fato a filiação ao PL ou desiste. Ele também deixou claro que a liberação de filiados em alguns Estados para que façam acordos locais não o agrada.
“Eu tenho um limite. Eu espero em duas três semanas no máximo casar ou desfazer o noivado, mas espero casar e ser feliz”, disse.
No cenário internacional, as bolsas asiáticas tiveram resultados variados entre si nesta terça-feira. Investidores reagiram a uma reunião virtual entre Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, e Xi Jinping, presidente da China.
O encontro marcou a comunicação mais próxima entre os dois líderes desde que Biden assumiu o posto em janeiro, e foi seguida por declarações públicas dos líderes, que enfatizaram formas de evitarem conflitos, apesar de identificarem pontos de tensão.
Os investidores esperavam que o encontro ajudasse a estabilizar os laços entre China e EUA ao abrir negociações sobre áreas de conflito.
Já na Europa, investidores repercutem o PIB da zona do euro, divulgado durante a manhã, que ficou em 2,2% no terceiro trimestre e 3,7% na comparação anual, em linha com as projeções.
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