1929 foi um desastre para a maioria nos EUA, mas uma grande oportunidade para um dos maiores traders da história
Texto originalmente enviado aos assinantes da newsletter Stock Pickers no sábado, 27 de outubro de 2021. Para os próximos, clique aqui.
Não existe um investidor que não saiba que 1929 foi um ano trágico para os mercados (e para o mundo).
A crise de 29 é estudada até hoje e serve de exemplo para aqueles que gostam de criticar o capitalismo ou ressaltar a importância do autocontrole no mercado. A bolha inflou com a expectativa de riqueza fácil nos Estados Unidos e estourou quando as pessoas começaram a se lembrar que não existe riqueza fácil.
Mas pouco se fala daqueles que lucraram com uma das maiores crises da história do mercado financeiro, como Jesse Livermore.
Nascido em 1877, Livermore começou a se interessar pelo mercado ainda na adolescência, trabalhando com registro de preços das ações. Naquela época isso era feito manualmente. Rápido com números e abençoado com uma memória fora da curva, ele começou a tentar identificar padrões nos movimentos do mercado e pouco tempo depois começou a especular em pequenas “corretoras” (bucket shops) espalhadas pela cidade.
Rapidamente passou a ganhar mais como investidor do que em seu emprego fixo e transformou sua paixão em sua atividade principal.
Operando ações e commodities, o sucesso de Livermore se torna ainda mais impressionante porque seu sistema de operações foi criado intuitivamente e ele acumulou sua fortuna realmente operando seu próprio capital e sem orientação de terceiros.
Livermore começou a operar aos 14 anos, obtendo seu primeiro lucro de US$ 3,12 (US$ 94,83 em valores atuais) aos 15 anos e US$ 1.000 (US$ 30.394,40) mais tarde, com a mesma idade. Aos 20 anos, ele ganhou seus primeiros US$ 10.000 (US$ 303.943,96).
Um parênteses: se tivesse vivido na nossa era, possivelmente iria criar um canal no YouTube para vender cursos após seus primeiros trades de sucesso (#vidadetrader).
Voltando a história, com aquele dinheiro, Livermore mudou-se para Wall Street e continuou operando. Rapidamente recebeu também muitas lições de humildade do professor mercado. No sobe e desce do mercado, chegou a perder todo seu dinheiro e a esposa após tentar penhorar as jóias que lhe dera para continuar a operar.
Mesmo assim conseguiu se recuperar e voltar para o jogo. Entre 1901 e 1929 Livermore acumulou uma fortuna que o colocou entre os homens mais ricos do mundo naquela época.
Seu estilo no mercado o colocaria hoje entre os investidores/especuladores técnicos, mas sua capacidade de ganhar dinheiro ia muito além disso, porque sabia que o que movia os mercados eram realmente as emoções humanas: “Não há nada de novo em Wall Street. Não pode haver, porque a especulação é tão velha quanto as montanhas. O que quer que aconteça no mercado de ações hoje, já aconteceu antes e acontecerá novamente.”
Quem acompanha o Stock Pickers sabe que sempre perguntamos aos convidados qual foi o “trade da vida”. Livermore com certeza não hesitaria em responder: short em bolsa em 1929.
O crash de 1929 começou em uma quinta-feira do dia 24 de outubro – a famosa “quinta-feira negra”.
Na data, o Dow Jones abriu o pregão em 305,85 pontos. Imediatamente, caiu 11%. O que já sinalizava uma forte correção do mercado de ações. No dia, as negociações foram o triplo do volume normal. Dois pregões depois, caiu 13,47%, para 260,64. No dia seguinte, 29 de outubro, o índice afundou mais e despencou mais 11,7%, para 230,07 pontos.
Foi a crise mais severa que os Estados Unidos havia passado até então. Muitas pessoas perderam tudo que possuíam e mais um pouco, pois ficaram devendo. O mercado levou 25 anos para voltar ao patamar anterior ao crash.
Só que, como se sabe, enquanto uns choram, outros vendem lenço. Na ocasião do crash, Livermore estava short e fez mais de US$ 100 milhões (mais de US$ 1 bilhão em valores atuais) com aquela posição.
Sim, Livermore ficou bilionário com trade e sem vender curso.
Sua história foi registrada num dos melhores e mais lidos livros do mercado. Sob o pseudônimo de Larry Livingston, Livermore compartilhou sua história, insights e ideias que continuam extremamente atuais em 2021.
O final de sua vida foi trágico, mas isso você irá descobrir lendo o livro que ganhou uma nova edição no Brasil com o prefácio escrito por alguém que você conhece bem: Thiago Salomão.
Garanta o seu agora durante a pré-venda: Memórias de um Operador da Bolsa: A Incrível História de Jesse Livermore.
Josué Guedes
CMO do Stock Pickers
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