Investidores monitoram piora nas projeções do governo para o avanço da inflação e para o crescimento econômico em 2021 e em 2022
SÃO PAULO – O destaque da cena local hoje está nas novas projeções de indicadores macroeconômicos apresentadas pelo governo nesta quarta-feira (17). Após uma piora considerável nas expectativas de avanço para a inflação oficial feitas pelo mercado, hoje foi a vez da Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia revisar para cima as estimativas para a alta de preços.
Agora, as projeções da equipe econômica apontam que a inflação oficial deve fechar 2021 em 9,7%, de 7,9% anteriormente, e 4,70% em 2022, contra 3,75% no boletim publicado em setembro.
Atenção ainda para as discussões em torno do reajuste do funcionalismo público, que pode ser custeado com parte do espaço fiscal que deve ser aberto com a aprovação da PEC dos Precatórios no Congresso. A ideia foi colocada na mesa pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e ganha um tom populista com a aproximação do cenário eleitoral. A medida, no entanto, não é bem vista por líderes do governo e nem pela equipe econômica porque pode gerar efeito cascata.
Com isso, o mercado de títulos públicos negociados no Tesouro Direto opera com alta nos juros na manhã desta quarta-feira. Na primeira atualização do dia, o Tesouro Prefixado 2024 oferecia retorno de 12,02% ao ano, contra 11,89%, registrados um dia antes. O título, portanto, voltou a pagar retornos acima de 12% ao ano, após três dias seguidos com juros inferiores a esse percentual.
No mesmo horário, a rentabilidade oferecida pelo Tesouro Prefixado 2031 era de 11,70% ao ano, frente aos 11,61%, da sessão anterior. Com isso, a diferença entre o retorno do título de prazo mais curto (2024) e o de prazo mais longo (2031) chegava a 32 pontos-base durante a primeira atualização do dia, contra 51 pontos-base em dias de maior estresse na semana passada.
Já entre os títulos atrelados à inflação, o retorno real oferecido pelo Tesouro IPCA+ 2026, 2035, 2045 e 2030 com juros semestrais era de 5,27% ao ano. Um dia antes, os títulos com vencimento em 2035 e 2045, por exemplo, ofereciam rentabilidade real de 5,21% ao ano.
O juro real oferecido pelos papéis de prazo mais curto era apenas 8 pontos-base (0,08 ponto percentual) acima do retorno real pago pelo Tesouro IPCA+ 2055 com juros semestrais – que era de 5,35% ao ano, na primeira atualização do dia. Na sessão anterior, esse mesmo título oferecia remuneração real de 5,30% ao ano.
Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na manhã desta quarta-feira (17):
Nesta quarta-feira, as atenções dos investidores estão voltadas para as novas projeções da Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia, que pioraram as estimativas para o avanço da inflação e para o crescimento econômico neste ano e no próximo. Os dados foram apresentados hoje.
Agora, a estimativa da equipe econômica é de alta no Produto Interno Bruto (PIB) de 5,1% este ano, contra 5,3% antes. Para o ano que vem a projeção passou a 2,1% no ano que vem, de 2,5% em setembro.
Para a inflação medida pelo IPCA, as projeções do governo subiram para 9,7% em 2021, de 7,9% antes, e 4,70% em 2022, contra 3,75% no boletim anterior, publicado em setembro.
O centro da meta de inflação é de 3,75% neste ano e 3,5% no próximo, em ambos os casos com margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos.
As duas estimativas, no entanto, seguem bem mais otimistas do que as projeções do mercado. Ontem (16), os agentes financeiros elevaram, pela 32ª semana, suas estimativas para a inflação este ano, desta vez de 9,33% para 9,77%. As expectativas para 2022 também tiveram piora, de 4,63% para alta de 4,79%, na 17ª elevação consecutiva. Os dados constam no Relatório Focus mais recente, divulgado pelo Banco Central (BC).
Com relação ao desempenho da economia brasileira, o Relatório Focus também mostrou uma piora nas expectativas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2021, de 4,93% para 4,88%, e para 2022, de crescimento de 1,00% para 0,93%.
Um dos focos da agenda política está nas discussões em torno da fala do presidente do Jair Bolsonaro (sem partido) de usar parte do espaço fiscal que seria aberto com a aprovação da PEC dos Precatórios no Congresso para conceder reajustes aos servidores públicos federais.
“Há possibilidade, porque a inflação… estão há dois anos sem reajuste. A questão da pandemia até se justifica, porque muita gente perdeu emprego ou teve seu salário reduzido. Agora a inflação chegou a dois dígitos. Então conversei com Paulo Guedes, em passando a PEC dos Precatórios, tem que ter um pequeno espaço para dar algum reajuste. Não é o que eles merecem, mas é o que podemos dar”, disse Bolsonaro em entrevista a jornalistas no Barein, onde está em viagem oficial.
Segundo o presidente, o aumento, se vier a ser concedido, seria dado a todos os servidores públicos federais, sem exceção.
As falas de Bolsonaro sobre a possibilidade de oferecer um reajustes ao funcionalismo público vem causando preocupação entre agentes financeiros, aliados políticos e a equipe econômica.
De acordo com o jornal Valor Econômico, os temores estão ligados ao custo que teria a medida. Isso porque cada 1 ponto percentual de aumento no salário representaria um custo adicional entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões nas despesas federais. Os cálculos foram feitos pela Instituição Fiscal Independente (IFI).
Em entrevista ao Valor, Felipe Salto, diretor-executivo da instituição, afirmou que por meio da medida o governo estaria contratando um aumento permanente das despesas com o “estouro” do teto de gastos.
Outro tema que volta ao centro das discussões políticas está relacionado às emendas do relator. Em entrevista à CNN Brasil em Lisboa ontem (16), Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, afirmou que o Congresso vai recorrer da liminar do Supremo Tribunal Federal (STF) que suspendeu o pagamento das chamadas emendas de relator ao Orçamento.
Lira disse que os parlamentares irão esperar a publicação do acórdão da corte para entrar com os chamados embargos de declaração, em que são pedidos esclarecimentos sobre os pontos da decisão, e, eventualmente, modificá-la.
Enquanto isso, no cenário internacional, investidores acompanham a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor (CPI na sigla em inglês) do Reino Unido, que avançou 4,2% na comparação anual em outubro, com alta dos custos automotivos e com energia.
Já na Europa, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) da zona do euro avançou 0,8% em outubro, na comparação com setembro, informou nesta quarta-feira a Eurostat, agência oficial de estatísticas do bloco. Na comparação anual, houve alta de 4,1%, na leitura final do dado. Os números vieram em linha com a previsão dos economistas consultados pelo Wall Street Journal.
O núcleo do CPI, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, subiu 0,3% na comparação mensal e 2,0% na anual, segundo a Eurostat. O resultado mensal neste caso também veio em linha com o esperado, mas a expectativa para a leitura anual era de avanço um pouco maior, de 2,1%.
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