segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Tesouro Direto: com nova alta nas projeções para o IPCA, retornos dos títulos públicos de inflação avançam - InfoMoney

Investidores monitoram novidades sobre a variante Ômicron ao redor do mundo, além de números divulgados hoje pelo Relatório Focus, do Banco Central

Após o forte movimento de aversão a risco visto na sexta-feira (26) por causa das preocupações em torno da Ômicron, nova variante do coronavírus detectada primeiramente na África do Sul, os ativos globais parecem reverter parte das perdas nesta segunda-feira (29).

Na cena local, revisões para cima nas expectativas de inflação e para baixo nas estimativas de crescimento econômico neste ano e no próximo, conforme previsto no Relatório Focus do Banco Central, divulgado hoje, dão o tom às negociações.

Durante a manhã, os títulos públicos negociados no Tesouro Direto apresentam leve alta nas taxas. Na primeira atualização do dia, o Tesouro Prefixado 2024 oferecia retorno de 11,83% ao ano, frente aos 11,81% ao ano vistos na sessão anterior. No mesmo horário, o juro oferecido pelo Tesouro Prefixado 2026 avançava de 11,73% para 11,75% ao ano.

Entre os títulos atrelados à inflação, na primeira atualização do dia, as taxas reais oferecidas pelo Tesouro IPCA+ 2035 e 2045 eram de 5,20% ao ano – valor maior do que os 5,17% registrados na sexta-feira (26). O Tesouro IPCA+ 2055, com pagamento semestral de juros, por sua vez, oferecia juros reais de 5,33% ao ano – percentual superior aos 5,30% da sessão anterior.

De acordo com relatório de analistas do Bradesco BBI, a curva de juros foi influenciada na última semana principalmente pela expectativa de um aperto monetário menos intenso do que o anteriormente esperado pelo mercado, o que impactou principalmente a parte longa da curva.

Nesse contexto, os prefixados voltaram a atingir patamares abaixo de 12% nos vencimentos curtos e longos, enquanto grande parte do mercado espera uma taxa de juros próxima de 11,75% ao ano no fim do ciclo de alta, destacaram os especialistas.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na manhã desta segunda-feira (29): 

Na agenda econômica local, o mercado financeiro elevou, pela 34ª semana consecutiva, as projeções para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) este ano, desta vez de 10,12% para 10,15%. É o que mostra o relatório Focus, do Banco Central, divulgado na manhã desta segunda-feira (29).

Também houve mudança nas estimativas dos economistas consultados pela autoridade monetária para a inflação oficial de 2022, que passaram de 4,96% para 5,00%, no 19º aumento seguido. Com isso, as expectativas atingiram o teto da meta de inflação para o ano que vem, que é de 3,5% ao ano, com um intervalo de 1,5 ponto percentual (p.p.) para cima ou para baixo.

Houve piora ainda nas expectativas para o crescimento da economia brasileira este ano, de expansão de 4,80% do Produto Interno Bruto (PIB) para 4,78%. Já para 2022, a mediana das projeções dos economistas são de crescimento de 0,58% da atividade, ante 0,70% anteriormente.

Ainda que as expectativas para a inflação tenham se elevado mais uma vez, os agentes financeiros mantiveram as projeções de alta para a Selic em 9,25% ao ano no fim de 2021, e de 11,25% ao ano em dezembro de 2022. Ou seja: também foi mantida a estimativa de avanço para a taxa básica de juros em 1,5 ponto percentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que ocorre entre 7 e 8 de dezembro.

Outro destaque na agenda econômica está na inflação medida pelo Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), divulgada hoje. Segundo a Fundação Getulio Vargas, o índice variou 0,02% em novembro, após alta de 0,64% no mês anterior. O resultado ficou abaixo do piso da pesquisa Projeções Broadcast, que indicava alta de 0,15% para o indicador. A mediana era de 0,30%.

Com esse resultado, o indicador acumula alta de 16,77% no ano e de 17,89% em 12 meses. Apenas como base de comparação, em novembro de 2020, o IGP-M havia subido 3,28% e acumulava alta de 24,52% em 12 meses.

O recuo foi puxado pela queda nos preços de commodities, como minério de ferro, soja e milho – ainda que os combustíveis tenham registrado fortes aumentos nas refinarias em novembro, segundo André Braz, coordenador dos índices de preços.

A semana é de grandes decisões na cena política. Um dos destaques está na PEC dos Precatórios, cuja votação está prevista para ocorrer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado na terça-feira (30). A intenção do governo é votar o texto também em plenário no mesmo dia.

O texto da PEC mexe no cálculo do teto de gastos e abre R$ 106,1 bilhões em espaço para despesas em 2022, especialmente com o Auxílio Brasil – programa que substitui o Bolsa Família.

Segundo apuração do jornal O Globo, se a PEC dos Precatórios for rejeitada pelo Congresso e a nova variante Ômicron se alastrar, o Ministério da Economia trabalha com a hipótese de recriar o “orçamento de guerra”, texto que permite que as regras fiscais sejam flexibilizadas durante o período de calamidade pública.

Também na cena política, a disputa no PSDB finalmente teve um desfecho neste fim de semana. Após um imbróglio na votação, João Doria, governador de São Paulo, venceu as prévias no último sábado (27) e será o candidato do partido na disputa pela presidência em 2022.

Doria recebeu 53,99% dos votos. Ele disputava a candidatura com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que recebeu 44,66% dos votos, e o ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, que contou com 1,35%.

Em sua primeira entrevista após ganhar as prévias do PSDB para concorrer à Presidência em 2022, João Doria disse à CNN neste domingo (28) julgar “possível” uma aliança com Sergio Moro, cotado como nome do Podemos para o Planalto.

“É possível. Eu tenho boas relações com Sergio Moro e tenho respeito por ele, não haveria nenhuma razão para não manter relações com alguém que ajudou o Brasil, com alguém que contribuiu com a Lava Jato”, disse o governador.

Outro destaque está no acompanhamento da variante Ômicron no Brasil. Ontem, a Anvisa disse que identificou a Covid-19 em um passageiro brasileiro que chegou da África do Sul, mas ainda não há confirmação de que se trate da nova variante.

No radar externo, investidores monitoram informações sobre a variante Ômicron para entender se ela representa, de fato, uma ameaça à reabertura da economia global. Nesta manhã, as bolsas europeias e o mercado de petróleo revertem parcialmente as perdas da semana passada.

Estudos preliminares da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que a variante representa um risco maior de reinfecção, mas ainda não está claro se ela provoca casos mais graves em comparação com outras variantes, incluindo a Delta.

Para analistas do Goldman Sachs, nesse contexto, ainda não é necessário fazer grandes mudanças no portfólio, desde que as vacinas existentes permaneçam eficazes e que a Ômicron não seja mais perigosa do que outras cepas, escreveram os especialistas do banco em relatório.

Alemanha, Itália, Reino Unido, Bélgica, Holanda, Austrália e Hong Kong já confirmaram que detectaram casos da variante Ômicron.

Na sexta-feira, os preços do petróleo tiveram quedas de até 13%, o pior desempenho em 2021 até o momento. Nesta segunda-feira (29), os preços do barril tipo Brent avançam mais de 4%, e os do barril tipo WTI, mais de 5%.

Especula-se que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) possa pausar a elevação da produção por conta dos efeitos da propagação da variante Ômicron.

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