A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou, nesta semana, um relatório com diretrizes sobre ética no uso de inteligência artificial na área da saúde. O documento é fruto de um trabalho que levou dois anos em desenvolvimento, e foi feito por 20 especialistas. Segundo a OMS, a adoção de IA em processos relacionados à saúde tem o dever de ser segura, transparente e responsável.
De acordo com o relatório, há seis princípios que devem servir como base para governos, empresas e órgãos reguladores. São eles:
Tais princípios devem guiar profissionais nas mais diversas possibilidades de uso de inteligência artificial na área, como no desenvolvimento de aplicativos, tratamento de dados e na construção de ferramentas para prevenção, tratamento ou diagnósticos de doenças.
Para a OMS, a tecnologia não deve ser uma solução rápida para desafios na área da saúde — especialmente em países de média e baixa renda. A autoridade chegou a alertar sobre os riscos do uso de modelos de IA feitos em países desenvolvidos em regiões economicamente diferentes. Em casos extremos, o uso de inteligência artificial sem o devido cuidado pode causar danos à vida humana.
Durante a pandemia de COVID-19, houve exemplos claros de como o mau uso de tecnologia e IA pode resultar em processos prejudiciais ao bem-estar de uma sociedade. O governo de Cingapura admitiu que dados coletados para saúde foram “deslocados” para investigações criminais.
Além disso, diversos modelos de IA foram construídos pelo mundo, em países como Estados Unidos e na Europa, e com poucos dados fundamentados, colocados indevidamente em prática para detectar a infecção pelo Sars-CoV-2 — mostrando-se completamente inúteis tempos depois.
O relatório da OMS também fala sobre as big techs — como o Google e a Apple —, que têm aumentado sua participação no setor da saúde por meio de ferramentas de inteligência artificial. A organização demonstrou preocupação em relação ao guia ético dessas empresas.
“Embora essas empresas possam oferecer abordagens inovadoras, existe a preocupação de que possam eventualmente exercer muito poder em relação aos governos, fornecedores e pacientes”, afirma o documento.
Como solução, a OMS propõe que os governos se atentem à regulamentação adequada de mecanismos de supervisão para tornar o setor privado responsável e receptivo, garantindo decisões e operações transparentes.
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