O Instagram e o Facebook sinalizaram um post publicado na segunda-feira (26) nas contas do presidente Jair Bolsonaro. As redes sociais passaram a indicar que um vídeo publicado nos perfis contém informação falsa. Com a medida, os usuários precisam liberar o bloqueio para assistirem ao conteúdo.
A publicação sinalizada tem um vídeo em que um homem compara títulos das versões em português e espanhol de uma matéria publicada em janeiro de 2019 pelo El País. Os textos tratam do discurso de Bolsonaro na edição daquele ano no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça.
O vídeo acusa a versão em português do El País de prejudicar o presidente ao afirmar que seu discurso em Davos “decepcionou”. A versão em espanhol do veículo utilizou o termo “animar”, o que foi interpretado pelo homem do vídeo como “empolgar”. No entanto, a palavra em espanhol significa apenas “incitar alguém a tomar uma ação”.
É o que aponta a Agência Lupa, veículo de checagem parceiro do Facebook que sugeriu a sinalização dos posts nos perfis de Bolsonaro. Na publicação, as redes sociais explicam que “verificadores de fatos independentes afirmam que essa informação não se baseia em fatos”.
Em janeiro de 2019, o deputado federal Eduardo Bolsonaro já havia acusado o jornal de adotar abordagens diferentes em suas versões. Na ocasião, a repórter Alicia González, autora da reportagem, apontou que a alegação era infundada. “Você está fazendo uma tradução ruim do espanhol, um falso cognato. ‘Anima’ significa ‘pedir’, não ‘convencer’ investidores”, afirmou.
Señr @BolsonaroSP you are doing a bad translation of the Spanish, a false friend. “Anima” means asks not convincing investors. Regards https://t.co/AuUMs0FTs4
— Alicia González (@agvicente) January 23, 2019
Apesar do aviso sobre a informação falsa, Instagram e Facebook mantêm no ar o post de Bolsonaro, que conta com a seguinte legenda: “Se você não lê jornal está sem informação, se lê está desinformado”. O vídeo também permanece disponível no Twitter, sem qualquer aviso da rede social.
Esta não é a primeira vez que os posts de Bolsonaro passam por algum tipo de moderação nas redes sociais. Em 20 de abril, o YouTube removeu cinco vídeos do canal do presidente por conta de suas alegações sobre o chamado “tratamento precoce” contra a COVID-19. A prática viola a política da plataforma contra desinformação a respeito da pandemia.
Em janeiro de 2021, o Twitter ocultou um post em que Bolsonaro promovia soluções sem eficácia contra a COVID-19. Antes, em março de 2020, a rede social já havia removido com Instagram e Facebook um vídeo em que o presidente promoveu o uso da hidroxicloroquina, uma das medidas sem comprovação científica no tratamento contra a COVID-19.
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