Por Vitória Bernardes, para o TechTudo
O lixo eletrônico produzido nos últimos anos segue uma linha crescente. Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 57,4 milhões de toneladas desse lixo são geradas todos os anos pelo mundo sem descarte correto. O resultado pode ser a contaminação do solo com gases tóxicos e até mesmo o desencadeamento de variadas doenças nas populações. Produzido principalmente por países ricos, esses materiais impactam principalmente localidades como China, Índia e alguns países africanos.
De acordo com pesquisa publicada pela Universidade de Gana, em 2014 eram produzidos 5,8 kg de lixo eletrônico por pessoa no mundo, enquanto, em 2019, esse número subiu para 7,3 kg anuais. Embora grandes órgãos mundiais levantem a bandeira em prol do descarte correto desse tipo de dejeto, ainda há muitas pessoas que não conhecem sobre o assunto. Para entender melhor, veja a seguir cinco perigos dos lixos eletrônicos e como evitá-los.
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Lixo eletrônico tem aumentado a cada ano e pode ser prejudicial à biodiversidade do planeta; veja como evitar — Foto: Divulgação/Getty Images
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1. Polui o ar e causa doenças respiratórias
Descarte indevido de TVs, celulares e computadores pode poluir o ar — Foto: Divulgação/Getty Images
A construção de eletrônicos demanda muitas peças feitas em metais e compostos com alta quantidade de carbono. Fios de cobre, plásticos e mercúrio, por exemplo, são três materiais muito utilizados nesses dispositivos. Quando descartados ou queimados de forma inadequada, esses compostos emitem gases tóxicos que poluem o ar, reduzindo sua qualidade. Isso pode impactar diretamente nossas vidas, já que somos seres aeróbicos - ou seja, que precisam de oxigênio para sobreviver.
Pessoas que possuem problemas respiratórios tendem a sofrer mais com esse tipo de poluição, mas quem não tem nenhum tipo de comorbidade também pode ser uma vítima. Problemas como bronquite e rinite alérgica, por exemplo, ou até mesmo doenças mais graves e contínuas, como asma, podem ser agravados quando em contato com esse ar poluído.
Além disso, como tudo no ecossistema é cíclico, esse ar não permanece em um único lugar. Desse modo, embora esses dejetos estejam em algum ambiente específico, os impactos que eles têm no meio ambiente podem impactar a quilômetros de distância. Vale lembrar também que, porque esses dispositivos e materiais têm um ciclo lento de decomposição, essas emissões podem persistir por anos, impactando de maneira prolongada o ar que respiramos.
2. Polui as águas do planeta
O e-waste, como é chamado o lixo eletrônico, impacta as águas do mundo — Foto: Reprodução/Getty Images
O descarte incorreto de dispositivos eletrônicos pode acabar em rios, lagoas e até mesmo no mar, tomando proporções imensas. Além de poluir a água doce, - que, vale lembrar, vive em escassez em muitos lugares do mundo - o e-waste e seus materiais tóxicos podem contaminar animais e populações que vivam próximas a esses lugares, impactando diretamente essas vidas. Pescadores que dependam da venda de peixe para sobreviver, por exemplo, têm seu ganha pão impactado com esse tipo de poluição.
Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), dependendo do país, cerca de 60% a 90% da população faz o descarte incorreto do lixo eletrônico. Esse número é alto e pode, a longo e curto prazo, ser prejudicial à saúde das pessoas e à biodiversidade em geral - já que, pela reação em cadeia, intoxica não somente as águas, mas todo o ecossistema do planeta.
3. Prejudica a fauna e a biodiversidade
A liberação de gases tóxicos na natureza pode prejudicar a fauna e a flora — Foto: Divulgação/Instituto ICG-SC
O lixo eletrônico não afeta apenas os seres humanos, mas sim toda a fauna e flora de uma região. Quando o descarte irregular acontece em lugares com muita vegetação, a natureza ao redor tende a absorver tudo que esses eletrônicos liberam de tóxico. Desse modo, dejetos com muito metal pesado, cobre e afins, podem contaminar e até matar um hectare inteiro de vegetação. Além disso, o e-waste também prejudica em cadeia, já que, no caso de uma plantação infectada, os insetos que fazem a polinização seriam contaminados também, transmitindo para outras plantas e animais.
Os animais que entram em contato com esse tipo de lixo eletrônico também correm o risco de serem contaminados, podendo até mesmo morrer por intoxicação. Isso porque, caso eles tentem comer alguma peça ou simplesmente fiquem em contato constante, os gases tóxicos emitir podem atingir seus organismos e causar o mesmo efeito de intoxicação que gera nos humanos.
4. Polui o solo e causa problemas em plantações e águas subterrâneas
Lixo eletrônico impacta o solo e, consequentemente, todo o ecossistema da Terra — Foto: Reprodução/Getty Images
Como explicado no tópico anterior, o meio ambiente tende a absorver os dejetos. Por isso, eliminar aparelhos eletrônicos em "lixões" comuns ou até mesmo jogá-los na rua pode fazer com que os materiais tóxicos de suas construções penetrem o solo. Isso é particularmente danoso porque, no subterrâneo, existem os lençóis freáticos - que, além de servirem como fonte de água potável para diversas populações do mundo, como tudo no ecossistema da Terra, estão interligado às demais águas do planeta.
Quando poluímos os lençóis freáticos, estamos por cadeia poluindo as águas de rios e lagos também. Além disso, de acordo com um estudo feito na China e publicado em 2012 pela revista científica Elsevier, no caso da poluição do solo, esse descarte indevido pode até mesmo impactar a qualidade dos alimentos que consumimos, já que causa impacto direto na agricultura e pecuária. Em países como o Brasil, que configura um dos maiores produtores de alimento do mundo, isso é particularmente danoso.
5. Pode gerar diferentes doenças nas pessoas
Pessoas que ficam em contato direto com o lixo eletrônico tendem a ter mais problemas de saúde — Foto: Divulgação/Zoran Milich
A liberação de gases e metais tóxicos são os principais riscos do lixo eletrônico. Além de impactar todo o ecossistema do planeta pelo sistema em cadeia, há o impacto direto das enfermidades causadas por esses materiais. As principais doenças envolvidas podem ser leves, como bronquite e rinite, ou graves, como diferentes tipos de cânceres, causados principalmente pela contaminação por mercúrio e níquel.
Câncer de nariz, faringe e de outros órgãos respiratórios são os mais encontrados nesse tipo de intoxicação. No entanto, algumas outras enfermidades, como tonturas e enjoos, também são muito reportados entre vítimas dessas contaminações. Os principais afetados por esses dejetos tóxicos são os trabalhadores do ramo de coleta de lixo, que estão em exposição frequente aos materiais. Por isso, é importante que os governos direcionem recursos específicos para quem trabalha com reciclagem e coleta.
Como evitar os danos do lixo eletrônico?
A tendência é que, conforme o mundo amplia sua capacidade tecnológica, o lixo eletrônico aumente cada vez mais. Para minimizar os impactos desse tipo de dejeto na natureza e na vida humana em geral, é importante tomar algumas atitudes. Veja a seguir três dicas para evitar os danos do e-waste.
1. Fazer o descarte correto
Lixo eletrônico é coletado em pontos específicos — Foto: Divulgação/Secretaria do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo Paraná
O primeiro passo para reduzir os impactos do lixo eletrônico é fazer o descarte correto desses materiais. Desse modo, jogar celulares ou videogames quebrados no lixo orgânico ou na rua, por exemplo, não é uma boa ideia. Hoje, há locais especializados em fazer esse tipo de coleta. Além disso, utilizando apps como o Telite é possível encontrar lugares que coletem aparelhos eletrônicos. Esses aplicativos geram ainda pontuações a cada coleta realizada, que podem ser trocadas por prêmios.
Em algumas cidades brasileiras, há shoppings que também oferecem pontos de descarte de lixo eletrônico. No Rio de Janeiro, uma alternativa é o Nova América Shopping, que faz a coleta não só desse tipo de lixo como de qualquer outro que é levado pela população.
2. Revender ou reutilizar os dispositivos
É muito importante reaproveitar eletrônicos para que o descarte não seja realizado deliberadamente — Foto: Divulgação/Geert Vanden Wijngaert
Em casos de dispositivos eletrônicos que ainda estejam em bom funcionamento, uma dica para evitar o desperdício é revender na internet ou até mesmo dá-lo para alguém que o reutilize. Essa prática, além de aumentar a duração desse aparelho na sociedade, pode gerar um retorno financeiro e garantir menos lixo eletrônico para o meio ambiente.
Na hora de fazer o repasse, é essencial avisar ao novo proprietário sobre o estado do aparelho e conscientizá-lo também sobre a importância de fazer o descarte correto. Isso porque em algum momento esse eletrônico irá para o lixo.
3. Manter uma relação sustentável com a tecnologia
O descarte irregular de baterias e pilhas também faz mal ao meio ambiente — Foto: Divulgação/Câmara Municipal de Araras
A quantidade de lixo eletrônico aumenta a cada ano porque, conforme a tecnologia avança, nós trocamos nossos dispositivos. Há anualmente novos modelos de smartphones e notebooks, por exemplo, o que faz com que aparelhos funcionais sejam "aposentados" antes do fim de suas vidas úteis.
Para evitar o acúmulo excessivo do lixo eletrônico, é essencial que mantenhamos uma relação sustentável com nossos dispositivos. O ideal é evitar trocar com muita frequência os aparelhos utilizados, buscando reutilizar ou expandir o tempo de uso dos eletrônicos.
Essa matéria faz parte da iniciativa #UmSóPlaneta, união de 19 marcas da Editora Globo, Edições Globo Condé Nast e CBN. Conheça o projeto aqui 👈
Com informações de G1, Elsevier, BBC, Forbes, Times, Universidade de Gana, The Lancet e Geneva Environment Network
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