Por Lucas Soares (redação) e Yuri Hildebrand (edição)
Lucas "Whisky" Andrei é um dos jogadores de destaque no cenário de Free Fire. Ele defendeu por quase dois anos a equipe Los Grandes no competitivo via emulador e se destacou por dominar a arma AWM, a sniper do jogo. No entanto, a carreira do atleta começou com dificuldades financeiras para participar dos campeonatos, principalmente quando ainda jogava CrossFire, jogo que o levou a ganhar torneios nacionais e disputar dois mundiais.
O TechTudo entrevistou o pro player, que contou sobre sua origem, detalhes sobre sua fase atual como influenciador no YouTube e Instagram pela Non Stop e deixou em aberto uma nova migração de jogo, dessa vez para Valorant.
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Lucas "Whisky" Andrei começou jogando Crossfire e então decidiu migrar para o Free Fire — Foto: Reprodução/Non Stop
Paixão por jogos e carreira no Crossfire
Whisky nasceu na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. Ele sempre gostou de jogos e começou com Super Mario Kart no Super Nintendo, além de experimentar o Atari. No entanto, quando os games para computador se popularizaram, ele e seus amigos acompanharam a tendência.
"Eu saía da escola e nós íamos para a lan house para jogar CrossFire e fazíamos isso diariamente. Na época ele não tinha servidor para América Latina, fazendo o ping (taxa de latência da Internet) ficar bastante alto"
A partir da chegada de um servidor para a América Latina e assistindo a campeonatos, Whisky viu sua vontade de competir profissionalmente aumentar. Então, o atleta formou uma equipe com seus amigos e chamou a atenção de Carol "Mystique", que o convidou para jogar na GB. Whisky e o time conseguiram a classificação para competir na BGL (Brasil Gaming League) em São Paulo.
Entretanto, ele e sua família sofreram com a falta de recursos. "Minha mãe conseguiu dinheiro, fomos de carro e alugamos um hostel que não tinha espaço para ela. Isso fez com que ela tivesse que dormir o final de semana inteiro no carro", afirma. Mesmo com todas as dificuldades, ele conquistou o título e participou do mundial da categoria na China, em 2014, onde ficou em quinto lugar.
Whisky com a placa comemorativa de primeiro lugar na BGL — Foto: Reprodução/AçaídoHulk
Whisky, no mesmo ano, conseguiu se classificar para disputa de campeonato mundial na Coréia do Sul, dessa vez chegando entre os favoritos com o line-up da Keyd Stars. A grande expectativa acabou não sendo correspondida, e o título nao veio. "Tive uma das maiores decepções da minha vida e não conseguimos passar das quartas de final. Vimos o time que nos desbancou sendo campeão", comenta.
Quando voltou para casa, sua família precisava de mais ajuda financeira. Então, Whisky decidiu vender todos os seus equipamentos, como PC e seu periféricos, ficando um ano e meio sem atuar.
Sucesso no Free Fire
Após esse período distante dos jogos, Whisky conseguiu um computador por acaso. O PC não era dele, mas seus pais acabaram vendo o interesse e comprando a máquina. Depois disso, o atleta conseguiu retomar a carreira.
"Meu padastro pegou um computador que o amigo dele deixou ali para vender. Resolvi então abrir o computador e comecei a jogar, com a autorização do meu pai. Nesse momento fiquei três dias direto jogando. Meu pai e minha mãe viram minha felicidade e parcelaram o computador pra mim"
No entanto, o longo período de pausa fez com que o CrossFire já não tivesse muito sentido. Após testar outros jogos de FPS como CS:GO, seu amigo KROSS o influenciou a experimentar o Free Fire. Whisky logo se identificou e não conseguia mais parar. "Eu me apaixonei pela jogabilidade, pela comunidade e pela empresa do jogo que dá um suporte bem bacana", comenta o atleta.
Em pouco tempo ele já estava familiarizado com o game e recebeu convite para jogar na 4K Easy. Ao mesmo tempo, ele já iniciava uma carreira como influenciador ao criar seu perfil no Instagram e publicar suas gameplays. Whisky chamava atenção pelas jogadas com a AWM, a sniper de Free Fire, cuja proposta é eliminar adversários à distância e com um único disparo.
Em dezembro de 2019, ele foi convidado pelo El Gato para integrar a equipe da Los Grandes. Por lá, o jogador disputou a Liga NFA 2020 (National Free Fire Association) onde foi um dos grandes destaques. Apesar da saída da equipe em 2021, ele ainda guarda muita admiração pelo time. "Sou muito grato a Los Grandes e sou torcedor assumido", confessou ao TechTudo.
Whisky se tornou popular no Free Fire com a AWM, a sniper do jogo — Foto: Reprodução/Instagram
Influenciador e volta ao cenário profissional
Após a passagem de sucesso pela Los Grandes, Whisky conseguiu construir uma base sólida de seguidores nas mídias sociais. São 1,7 milhão followers no Instagram, 215 mil no Twitter, além de 417 mil no YouTube. Hoje, ele integra o time da Non Stop, empresa por trás de influenciadores renomados como Whinderson Nunes, Gkay, entre outros.
Perguntado sobre a rotina, Whisky garante: é necessário realizar certo malabarismo. Se no início o foco precisava se dividir entre estudos e treinos – "Tem hora para jogar e para estudar", garantiu –, hoje a matemática também precisa incluir seu tempo em família.
Sobre seus conteúdos, o atleta segue o foco em gameplays de Free Fire mostrando destaques de algumas jogadas, além de detalhes do seu dia a dia. Mas, além do FPS da Garena, ele garante que também vem experimentando outros jogos enquanto está afastado dos torneios.
Whisky vem se dedicando na produção de conteúdo online no seu canal no Youtube e Instagram — Foto: Reprodução/Instagram
"Estou treinando bastante para jogar Valorant. Comecei tem um mês e estou Diamante 1. Gosto bastante do gráfico e, como atualiza constantemente, não é aquela coisa que fica estagnada. É a mistura de um LOL com CS:GO, e tem que se acostumar bastante com o meta."
Ele revelou ainda que, assim como outros ex-companheiros de CrossFire, pode migrar para o FPS da Riot Games em breve. "O próprio Mazin, da FURIA, que disputou o mundial, o pANcada... É um cenário que eu to acompanhando bastante. Está tendo um investimento muito grande. Foco total que daqui a pouco estarei lá!"
Dicas para o Free Fire e lives
Para quem deseja iniciar no mundo das lives, Whisky tem um conselho: não ligar para os números. "Quem nasce grande é elefante. Você começa de baixo e vai crescendo. No início não importa se tem uma pessoa ou mil pessoas, o seu empenho deve ser o mesmo", garante. O atleta também afirma que as limitações, muitas vezes, vêm da própria pessoa, e é importante valorizar seu esforço.
Entre as dicas para mandar bem no Free Fire, especificamente, ele recomenda conhecer bem o seu equipamento e treinar bastante para aprimorar a mira. "Tem vários canais de influenciadores e jogadores que deixa dicas de como se posicionar, como configurar o jogo e como se posicionar no mapa. Então assista muitos YouTubers (para pegar dicas)", conclui.
Cenário de jogos
Se quando ele iniciou a carreira no CrossFire o cenário de jogos eletrônicos estava no início, hoje a realidade é bem diferente. Segundo estudo de analistas da Newzoo e Juniper Research, o mercado de games competitivos deve movimentar US$ 3.5 bilhões (cerca de R$ 17,5 bilhões) até 2025. Portanto, jovens encontram em jogos como o Free Fire uma oportunidade de iniciar uma carreira em algo que não era imaginado anos atrás.
"Hoje eu volto para minha cidade, na Baixada Fluminense, e vejo que a galera não quer ser só jogador de futebol, ela quer ser gamer, quer ser streamer, quer ser influenciador. Uma parada que é muito gratificante para mim é ver a galera com esses sonhos"
Um levantamento feito pelo Instituto Data Favela em parceria com a Locomotiva Pesquisa e Estratégia e a CUFA (Central Única das Favelas), aponta que 96% de jovens de comunidades carentes desejam seguir a carreira de jogadores profissionais. Essa vontade de seguir a carreira e o cenário de crescimento tem derrubado vários estigmas sobre a profissão: "A parada com o preconceito com a galera gamer ficou lá para trás. E cada vez mais estamos conseguindo quebrar essa barreira de que é só um joguinho", conclui Whisky.
O jogador também falou sobre o retorno ao competitivo, e garante: acontecerá em breve, mas o foco, no momento, está nos compromissos de influencer. O TechTudo foi além e perguntou a respeito e uma possível aventura fora do Brasil, e a resposta foi animada: “Hoje mesmo eu vou testar o servidor da LATAM e, quem sabe no futuro, eu não jogue em um time gringo. Vamos ver!”
Com informações de prnewswire
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