Por muitos anos, a plataforma Bitcoin Fog ofereceu serviços de lavagem de dinheiro em criptomoedas, ocultando a origem e o destino das transações e se tornando uma das principais ferramentas financeiras na dark web. Agora, autoridades federais americanas alegam ter identificado o administrador do sistema, acusado de lavar 1,2 milhão de bitcoin (BTC), o que valia aproximadamente US$ 336 milhões na época.
Roman Sterlingov foi preso na última terça-feira (27) em Los Angeles. Segundo as autoridades, ele foi o responsável por movimentar milhões de maneira anônima principalmente a serviço de traficantes de drogas que atuavam na dark web. Ele foi descoberto após intensas investigações que conseguiram identificar uma trilha de transações em blockchain que datam desde 2011, levando a polícia até o administrador do Bitcoin Fog.
Sterlingov foi o responsável por 10 anos de lavagem de dinheiro através da plataforma. De acordo com a divisão de investigações criminais do Internal Revenue Service (IRS), Sterlingov, um cidadão da Rússia e da Suécia, permitia que os usuários combinassem suas transações com as de outros para evitar que qualquer pessoa que examinasse o blockchain do bitcoin rastreasse os pagamentos.
Ele recebeu comissões de até 2,5% sobre cada uma das transações. No total, o IRS calcula que Sterlingov teria lucrado cerca de US$ 8 milhões em bitcoins por meio do serviço, com base nas taxas de câmbio no momento de cada transação. Isso sem levar em consideração a enorme valorização da criptomoeda na última década.
Ironicamente, parece que foram as transações realizadas 2011 que Sterlingov supostamente usou para configurar o servidor de hospedagem do Bitcoin Fog que o colocou sob investigação pelo IRS. “Este é mais um exemplo de como os investigadores com as ferramentas certas podem usar a transparência da criptomoeda para seguir o fluxo de fundos ilícitos”, disse Jonathan Levin, cofundador da empresa de análise de blockchain Chainalysis, ao Wired.
Dos US$ 336 milhões que a denúncia acusa o Sterlingov de lavar, pelo menos US$ 78 milhões foram repassados pelo serviço para vários mercados na dark web que vendiam narcóticos. O IRS também parece ter usado agentes disfarçados em 2019 para negociar com o Bitcoin Fog, enviando mensagens ao administrador da plataforma que afirmavam explicitamente que esperava lavar uma quantia arrecadada pela venda de ecstasy. As transações foram completadas sem uma resposta.
Diferente do que suas mais comuns críticas pregam, o bitcoin não é anônimo. A prova disso é o resultado dessa investigação, que conseguiu identificar Sterlingov justamente pelos registros imutáveis de cada transação que envolve a criptomoeda na rede blockchain.
Com informações: Wired
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