O data center que a Apple construiu no interior da China para armazenar domesticamente dados de clientes do iCloud entrou em funcionamento nesta semana. O conjunto de servidores fica na província de Guizhou, no sudoeste do país, a cerca de 2 mil quilômetros da capital Pequim.
A construção do data center para armazenar dados do iCloud de usuários chineses começou em março de 2019; autoridades do governo afirmam que ele está ativo desde terça-feira (25). Apesar de a Apple ser a dona oficial, quem deve administrá-lo é a firma estatal Guizhou-Cloud Big Data (GCBD). Além desse projeto, a big tech americana planeja construir mais servidores no interior da Mongólia – uma região autônoma controlada pela China.
Em 2016, o governo chinês aprovou uma lei de cibersegurança que obriga grandes empresas de tecnologia — como a Apple — a guardarem dados dos clientes chineses somente dentro do país. No ano seguinte, a fabricante do iPhone fechou contrato com o governo de Guizhou para construir um data center na região.
A legislação dos EUA proíbe a Apple de oferecer dados para autoridades políticas. Por isso, visando cumprir com a regulamentação americana e chinesa ao mesmo tempo, a empresa concedeu os direitos legais do iCloud na China à Guizhou-Cloud.
De acordo com o site de notícias estatal XinhuaNet, o data center deve melhorar a experiência de navegação do usuário chinês em termos da velocidade e confiabilidade, assim como melhorar a qualidade dos serviços da Apple no interior da China.
A Apple afirma que só ela possui a chave de criptografia dos dados de seu data center, mas, como a Guizhou-Cloud tem acesso ao local, essa versão da empresa norte-americana é contestada por especialistas; a presença física da firma estatal permite a troca de informações com o governo chinês.
O CEO Tim Cook defendeu a parceria com o governo no julgamento contra a Epic Games: “Nós enviamos à China o mesmo iPhone que enviamos ao resto do mundo. Tem a mesma criptografia, o mesmo iMessage e, a não ser pela parte do iCloud, é exatamente o mesmo produto”. O executivo é um dos responsáveis pela entrada da Apple no mercado chinês, o segundo maior do mundo para a empresa.
Como revelou uma investigação conduzida pelo New York Times, a Apple tem uma política de moderação firme sobre a App Store na China: a empresa censurou aplicativos que poderiam ser usados, inclusive, para marcar protestos pró-democráticos.
Autoridades no mundo da tecnologia, entre elas o fundador do Telegram Pavel Durov, têm criticado duramente a Apple por uma contradição entre o discurso da empresa, que alega ter a privacidade como um valor inegociável, e sua postura na China.
Com informações: AppleInsider.
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