Especialistas indicam opções como títulos públicos, CDBs, fundos de ações e imobiliários. Como saber o que é mais indicado para você?
A pergunta de 1 milhão de dólares – “qual é o melhor investimento?” – tem como resposta uma equação delicada, cujas variáveis são contextos micro e macroeconômicos, perfil de risco do investidor e objetivos de curto, médio e longo prazos.
Ainda assim, o InfoMoney apurou os elementos possíveis para que você possa escolher com qual alocação se sente mais confortável em investir de acordo com seu perfil.
Antes de tudo, é importante entender o contexto dessas escolhas. Janeiro encontra o Brasil em meio a projeções de crescimento de menos de 0,50% para o PIB em 2022, de inflação superando 5% e, consequentemente, estimativa de Selic (a taxa básica de juros da economia) a 11,5% para controlar a alta dos preços.
2022 também é um período de volatilidade esperada para o mercado: trata-se de um ano eleitoral. Além disso, o País enfrenta um risco fiscal elevado, principalmente pelos gastos estatais com a crise da pandemia.
Diante de tantos componentes, quais são as oportunidades e quais são os desafios? “A gente está mais sensível a esses temas. Como vai ter mais volatilidade no curto prazo, o risco vai aumentar naturalmente. Para o ultraconservador, que não gosta de risco e quer se proteger, não basta ir para a renda fixa”, acredita Wilson Barcellos, CEO da Azimut Brasil Wealth Management.
A dica de Barcellos para o conservador é reduzir o nível de volatilidade da carteira por meio de ativos de curta duração e de maior previsibilidade. Isso combina com a perspectiva de Victor Licarião, líder de produtos e alocação em renda variável da Blue3, que lembra a importância da liquidez para investimentos de curto prazo. Ou seja, a possibilidade de conseguir resgatar rapidamente a aplicação.
Licarião indica títulos pós-fixados, atrelados à taxa do CDI (principal referência para investimentos de renda fixa) ou à própria Selic. É o caso de CDBs vendidos pelos bancos, com taxas acima de 100% do CDI, ou do Tesouro Selic, título público negociado pelo Tesouro Direto. “Algo rápido, nada de risco, para que você consiga ter o dinheiro no mesmo dia na sua conta”, diz.
Para Barcellos, pensando num prazo não tão curto, uma carteira pós-fixada pode ser balanceada com o Tesouro Prefixado – outro dos papéis do governo disponíveis no Tesouro Direto – de vencimento em 2024.
E para o investidor arrojado, qual é a sugestão? “Investimento de curto prazo não te enriquece. Não existe vantagem comparativa num prazo muito curto. Evitem comprar ativos estruturais e você mesmo montar sua carteira. Opte pelos gestores profissionais, com mais capacidade tecnológica”, acredita Barcellos.
Pensando em um horizonte distante, de mais de dez anos, abre-se um grande leque de opções. E, para Licarião, não é preciso e nem desejável escolher apenas um caminho. “Tem um investimento perfeito, que se chama ‘diversificação dentro da carteira’, para passar por esses cenários de maior turbulência da melhor maneira possível”, expõe.
O líder de produtos da Blue3 vê vantagens interessantes em renda fixa no longo prazo, como o Tesouro IPCA+, que oferecem juros além da variação da inflação. Esses títulos públicos, com diferentes prazos, são negociados atualmente com taxas superiores a 5% ao ano. Para Barcellos, essa alocação é ideal para minimizar riscos.
Quem tem estômago para aguentar a alta volatilidade pode aproveitar oportunidades em fundos multimercados, quantitativos e macro globais, segundo Licarião. “Tem muita exposição legal à renda passiva com fundos imobiliários [FIIs], além de Fiagros [Fundo de Investimento em Cadeias Agroindustriais], algo muito novo no mercado”, afirma.
Com relação aos FIIs, tanto Licarião como Rodrigo Marcatti, sócio-fundador da Veedha Investimentos, enxergam potencial no mercado de lajes corporativas, especialmente as localizadas na Avenida Faria Lima, em São Paulo. “Vejo muita gente saindo por conta do CDI, quando, na verdade, é uma baita oportunidade de longo prazo. É um excelente momento de compra”, diz Marcatti.
Isso porque, segundo ele, os fundos estão bastante descontados e a tese de que as empresas passariam a operar apenas em home office – e não mais nos escritórios detidos pelos FIIs – “já passou”. Fora isso e a valorização imobiliária, ele explica que são papéis com uma “proteção natural de inflação”, pelos contratos de aluguéis estarem atrelados aos índices de preços.
Além de FIIs de lajes corporativas, Marcatti indica investir em fundos de galpões logísticos – uma vez que o mercado está em um ciclo de expansão de e-commerce – e de shoppings consolidados e maduros, que ainda estão baratos e não conseguiram se recuperar totalmente da crise causada pela pandemia. “Fundos de papéis, fazendo ofertas para adquirir novos títulos nessa taxa de juros atual, vão conseguir até melhorar o fluxo de dividendos”, observa.
Na Bolsa, Barcellos indica alocar 50% do valor destinado à renda variável em investimentos atrelados ao S&P 500, um dos principais índices do mercado americano. A outra metade pode ser destinada ao Ibovespa.
O investimento pode ser feito por meio de fundos de ações, segundo o CEO da Azimut, que prefere estes aos ETFs, fundos de investimentos atrelados aos índices. “Gestores ativos têm tido performances mais satisfatórias. Em uma janela de dez anos, o Ibovespa poucas vezes superou o CDI. E bons gestores ativos ganharam do Ibovespa e do CDI em grande parte do tempo”, observa.
Para investidores ainda mais agressivos, Alexandre Amorim, gestor de investimentos da ParMais, recomenda uma outra classe de ativos: os tokens. No mercado financeiro, eles são símbolos ou representações de ativos, que podem ser uma moeda, um contrato, uma propriedade ou a promessa de um produto.
“Eles não são regulados pela CVM [Comissão de Valores Mobiliários]. Hoje já estão sendo ofertados tokens com rentabilidade definida, de dívida de empresas, de cota de consórcio”, diz. “Eles têm risco, assim como renda fixa e crédito privado. Mas é um mercado que vai começar a crescer e é interessante olhar para ele”.
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