Relatório da XP indica que FIIs de "papel", que investem em papéis indexados ao CDI ou IPCA, ajudam a amenizar variações bruscas
SÃO PAULO – O desempenho dos chamados fundos de “papel” não tem sido suficiente para alavancar o Ifix, índice dos fundos imobiliários mais negociados da bolsa brasileira, que no ano registra perdas de quase 5%. Mas isoladamente, os FIIs de recebíveis imobiliários têm se destacado e seguem no radar dos especialistas.
“Estes ativos são investimentos de renda variável que investem em títulos de renda fixa. Desta forma, a elevação dos juros e da inflação protege os cotistas de variações bruscas”, destaca relatório da XP, assinado pelos analistas de fundos imobiliários Maria Fernanda Violatti e Ronaldo Candiev.
Os fundos de “papel” investem em títulos como os CRIs (certificados de recebíveis imobiliários), que costumam ser indexados a indicadores como a taxa do CDI (certificado de depósito interbancário), principal referência de retorno da renda fixa, ou ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em caso de elevação dos juros ou da inflação, os CRIs se tornam mais rentáveis e acabam blindando o investidor de grandes oscilações.
É um cenário diferente do de outros fundos imobiliários. De modo geral, os chamados FIIs de “tijolo” – que investem diretamente nos imóveis, em geral com o objetivo de ganhar com os aluguéis – são prejudicados pela alta dos juros, que torna as aplicações de renda fixa mais atraentes.
Em 2021, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central já elevou cinco vezes a Selic, que passou de 2% ao ano em janeiro para os atuais 6,25% ao ano. O movimento favorece as aplicações atreladas ao CDI. Já a inflação medida pelo IPCA alcançou 1,16% em setembro, o maior patamar para o mês desde 1994. Em 12 meses, o indicador oficial da inflação no Brasil acumula alta de 10,25%, maior nível em cinco anos.
Diante do cenário de avanço dos preços, Violatti e Candiev apontam os fundos imobiliários como alternativa de proteção contra a inflação, especialmente os do segmento de recebíveis imobiliários. “Consideramos o produto uma excelente opção de investimento para quem deseja se proteger ou até mesmo se beneficiar de um cenário com inflação alta”, explicam os analistas da XP.
De acordo com o último Boletim Focus, divulgado no início da semana, a preocupação com o aumento dos preços segue no radar. O mercado financeiro elevou pela 27ª semana consecutiva as projeções para a inflação este ano. Desta vez, a previsão passou de 8,51% para alta de 8,59%.
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Em setembro, o Ifix caiu 1,24%, pressionado pelo desempenho de todos os tipos de fundos imobiliários. O mais afetado foi o de agências bancárias, com queda de 9,34%. Na outra ponta, ficou o segmento de fundos de CRI, que caiu apenas 0,46%, abaixo da média do mercado.
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