sexta-feira, 1 de outubro de 2021

Ifix tem mais um mês de queda; fundo da Kinea lidera ganhos e BB Progressivo é o que perde mais | InfoMoney

Elevação da Selic e crise da Evergrande prejudicaram o índice, que fechou no vermelho pelo segundo mês seguido

SÃO PAULO – Setembro foi mais um mês de desempenho negativo para os fundos imobiliários. O Ifix, índice que reúne os FIIs mais negociados na B3, caiu 1,24% – em agosto, já havia recuado 2,63%. Dos 103 papéis que compõem o Ifix, apenas 25 fecharam o último mês no campo positivo.

Analistas ainda relacionam a queda com a elevação da taxa básica de juros da economia nacional, a Selic, que voltou a subir em setembro. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa em um ponto, para 6,25% ao ano. A alta da Selic aumenta a rentabilidade das aplicações de renda fixa, que oferecem menos riscos e acabam atraindo os investidores de fundos imobiliários.

“Tem o temor do investidor pessoa física migrando para a renda fixa, seja por causa dos juros ou por conta das incertezas nos cenários interno e externo”, diz Bruno Benassi, analista de fundos imobiliários da Levante Investimentos. No ano, a queda acumulada do Ifix é de 5,38%.

No último dia 20, o índice chegou a recuar 1%, a maior queda dos últimos três meses. O Ifix refletia o mau humor externo e a preocupação global com a crise da incorporada chinesa Evergrande que, naquele momento, perigava não conseguir honrar uma dívida de US$ 305 bilhões.

O fundo imobiliário Kinea Renda Imobiliária (KNRI11), sexto maior da Bolsa brasileira em número de cotistas, lidera a lista de maiores altas de setembro dentre os FIIs incluídos no Ifix, com ganhos de 3,4%. Na outra ponta da lista, ficou o BB Progressivo (BBPO11), com queda de 15%.

“O que temos visto no mercado é intranquilidade. Estamos vendo uma volatilidade trazida pela incerteza de saber qual é o patamar de juros que o Banco Central vai conseguir domar a inflação”, avalia Carlos Martins, sócio e gestor de fundos imobiliários da Kinea.

O FII da Kinea é um caso de fundo de “tijolo” – categoria que reúne carteiras focadas em escritórios, shoppings e ativos logísticos, por exemplo – que escapou do pessimismo em setembro e reforçou a expectativa de analistas sobre a possível recuperação do setor, especialmente na área de lajes corporativas.

“Gostamos do setor de lajes corporativas. Temos aumentado a posição em nossas carteiras. Também mantemos a mesma exposição em galpões logísticos porque achamos que a maioria dos ativos tem sido bastante penalizada”, revela Benassi, da Levante.

Na avaliação de Benassi, a badalada negociação desta semana envolvendo o edifício Pátio Victor Malzoni é uma sinalização de mudança no mercado.

O fundo Bluemacaw Catuaí Triple A ([ativo=BLCA11]) comprou seis lajes do edifício, considerado um marco da Avenida Brigadeiro Faria Lima, coração financeiro da capital paulista e uma das regiões mais cobiçadas pelo segmento de escritórios. O negócio saiu por quase R$ 40 mil o metro quadrado, bem acima do que vinha sendo negociado nos últimos meses.

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Confira os fundos imobiliários do Ifix que tiveram as maiores altas em setembro:

Fonte: B3

É mais comum que fundos de “papel” se beneficiem de um cenário de elevação dos juros. Os FIIs deste segmento investem em títulos ligados ao setor imobiliário, muitos deles indexados ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário), que rendem mais com a elevação da Selic – e, consequentemente, remuneram melhor os cotistas. Em setembro, a categoria seguiu agradando os investidores e dominou a lista dos FIIs com melhor desempenho.

Apesar do otimismo com a recuperação dos “tijolos”, que seria estimulada inclusive pelo retorno das empresas aos escritórios, fundos do segmento ainda amargaram perdas expressivas em setembro. Dentre os FIIs que registraram as maiores quedas no mês, predominaram os que investem em lajes corporativas.

Confira os fundos imobiliários do Ifix que tiveram as maiores perdas em setembro:

Fonte: B3

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